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Acnur relata crise na educação de refugiados; mais de 60% não vão à escola

Acnur relata crise na educação de refugiados; mais de 60% não vão à escola

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Segundo agência da ONU, dos 6 milhões de crianças em idade escolar sob seu mandato, 3,7 milhões estão fora das salas de aula; líderes mundiais se reúnem na sede das Nações Unidas na segunda-feira em encontro de alto nível sobre refugiados e migrantes.

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York.

A agência da ONU para Refugiados, Acnur, lançou um relatório nesta quinta-feira mostrando que 3,7 milhões de menores, ou seja, seis em cada 10 crianças em idade escolar sob seu mandato, não estão frequentando a escola.

Cerca de 1,7 milhão de refugiados com idade para escola primária estão fora dos bancos escolares. E 1,9 milhão de adolescentes também não vão à escola secundária.

Crise

Segundo a agência da ONU, os refugiados têm uma probabilidade cinco vezes maior de estarem fora das salas de aula do que a média global.

“Isto representa uma crise para milhões de crianças refugiadas”, alertou o alto comissário sobre o tema, Filippo Grandi.

Grandi afirmou que a educação de refugiados é “intensamente negligenciada” e é uma das “únicas poucas oportunidades” existentes para “transformar e construir a próxima geração para que possa mudar os destinos de dezenas de milhões de pessoas deslocadas à força no mundo”.

Comparação

O relatório compara dados do Acnur sobre educação de refugiados com informações globais da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, sobre matrículas escolares.

Apenas 50% das crianças refugiadas têm acesso à educação primária, em comparação a uma média global de mais de 90%. O Acnur ressalta que quando essas crianças ficam mais velhas, “a lacuna se torna uma abismo”: apenas 22% dos adolescentes refugiados frequentam a escola secundária em comparação à média global de 84%.

Em relação à educação superior, apenas 1% dos refugiados vai à universidade, em comparação à media mundial de 34%.

Reunião Mundial

O relatório foi divulgado poucos dias antes de encontros de líderes mundiais no 19 de setembro na reunião de alto nível da Assembleia Geral da ONU sobre refugiados e migrantes e da cúpula de líderes sobre a crise global de refugiados, liderada pelo presidente norte-americano, Barack Obama.

Nos dois encontros, o Acnur está pedindo que governos, doadores, agências humanitárias e parceiros de desenvolvimento e do setor privado que fortaleçam seu compromisso em garantir que todas as crianças recebam uma educação de qualidade.

Desenvolvimento Sustentável

Destaque nas discussões será o Objetivo 4 da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável: “assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”.

Segundo o Acnur, essa meta não será realizada até 2030 sem que sejam atendidas as necessidades educacionais das populações mais vulneráveis, incluindo refugiados e outras pessoas deslocadas à força.

O alto comissário da ONU alertou que enquanto a comunidade internacional discute a melhor forma de lidar com a crise de refugiados, é “essencial” pensar “além da sobrevivência básica”.

Grandi afirmou que a “educação permite que os refugiados moldem de forma positiva suas nações de asilo e seus países de origem quando um dia voltarem”.

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Photo Credit
Crianças em escola primária de campo de refugiados na República Democrática do Congo. Foto: Acnur/Sebastian Rich (arquivo)