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130 milhões de pessoas dependem de ajuda humanitária para sobreviver

130 milhões de pessoas dependem de ajuda humanitária para sobreviver

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Número recorde foi lembrado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em mensagem sobre o Dia Mundial de Assistência Humanitária, nesta sexta-feira; brasileiro que atua há mais de 10 anos no Programa Mundial de Alimentos, PMA, falou à Rádio ONU sobre os desafios do trabalho humanitário

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York.

Um número recorde de 130 milhões de pessoas dependem de ajuda humanitária para sobreviver, alertou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.  Reunidas, essas pessoas formariam a décima nação mais populosa do planeta.

As Nações Unidas celebram nesta sexta-feira o Dia Mundial de Assistência Humanitária. Na mensagem sobre a data, Ban ressaltou que embora esses números sejam “verdadeiramente estarrecedores”, eles não contam toda a história.

Escolhas Impossíveis

O chefe da ONU lembrou que “escondidos atrás de estatísticas há indivíduos, famílias e comunidades cujas vidas foram devastadas”.

Ban citou “crianças, mulheres e homens que enfrentam escolhas impossíveis todos os dias”. Ele mencionou “pais que precisam escolher entre comprar comida ou remédios para suas crianças; crianças que precisam escolher entre ir à escola ou trabalhar para ajudar suas famílias; famílias que correm o risco de enfrentar um bombardeio em casa ou uma perigosa fuga pelo mar”.

Desafios e Recompensas

O brasileiro Thomas Georgi trabalha há 12 anos no Programa Mundial de Alimentos, PMA. De São Paulo, o especialista em logística da agência falou à Rádio ONU sobre os principais desafios e recompensas do trabalho humanitário.

“O desafio às vezes é você estar no terreno e ver todo o sofrimento e tentar manter o foco para tentar ajudar as pessoas que precisam. Muitas vezes você tem que dar um passo para trás e não se envolver emocionalmente demais. E a recompensa, na realidade, vem também com isso, eu acho. Ver o seu trabalho e os resultados que ele traz pro país, pro povo, pros beneficiários, como a gente pode ajudar”.

Logística

Com o PMA, Thomas Georgi já trabalhou em diversos países entre eles Guiné-Bissau, Filipinas, Haiti, Madagascar e Nepal. Na entrevista, ele contou um pouco sobre o trabalho na agência da ONU.

“A parte de logística do PMA é uma das funções principais do PMA. A gente movimenta a comida, tem que trazer, muitas vezes, a comida de fora, quando é possível a gente consegue comida da região ou mesmo no país. É uma parte muito importante do nosso programa porque tem que comprar comida, mandar comida por barco, tem que receber no porto, estocar, tem que ter os armazéns, tem que tomar cuidado que a comida não estrague, que não fique armazenada por muito tempo. Depois tem que distribuir pros nossos parceiros ou mesmo o PMA faz a distribuição direta para os beneficiários.”

Compaixão e Homenagem

Em sua mensagem, o secretário-geral da ONU lembrou ainda que “as soluções para as crises que colocaram essas pessoas em situação desesperadora não são simples nem rápidas”. No entanto, há coisas que todos podem fazer, neste e em todos os dias.

Ban citou que é possível “demonstrar compaixão, levantar a voz contra a injustiça e trabalhar por mudanças”.

Para o chefe da ONU, o Dia Mundial de Assistência Humanitária é “lembrança anual da necessidade de agir para aliviar o sofrimento”. Para ele, é a ocasião de “homenagear os trabalhadores humanitários e voluntários na linha de frente das crises”.

Na mensagem, Ban prestou homenagem a esses “homens e mulheres dedicados que de forma corajosa enfrentam o perigo para ajudar outras pessoas enfrentando riscos maiores”.

Campanha

O secretário-geral pediu a todos que assinem a campanha da ONU “World You’d Rather”, ou “Mundo que você prefere’, em tradução livre.

Um dos objetivos é levantar recursos para o Fundo Central das Nações Unidas de Resposta à Emergência, Cerf.

Humanidade

Ban citou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e afirmou que “esses 17 objetivos globais oferecem um plano de 15 anos para reduzir as necessidades e vulnerabilidades e promover a paz mundial, a dignidade e a oportunidade para todos”.

Segundo o chefe da ONU, para que essa “jornada coletiva” tenha sucesso, todos devem exercer seu papel.

Para o secretário-geral, cada pessoa pode fazer a diferença. Neste Dia Mundial de Assistência Humanitária, Ban pediu união em nome da humanidade.

Sérgio Vieira de Mello

O Dia Mundial de Assistência Humanitária é celebrado todos os anos em 19 de agosto, data em que ocorreu o atentado ao prédio da ONU em Bagdá, em 2003.

No ataque, 22 funcionários da organização morreram, incluindo o brasileiro Sergio Vieira de Mello, que era representante do secretário-geral no Iraque.

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Photo Credit
Dia Mundial de Assistência Humanitária. Foto: Ocha/ I. Athanasiadis