Unicef intensifica combate ao casamento precoce em Moçambique
A agência presta apoio técnico no país, onde 14% das mulheres com idades entre 20 e 24 casaram antes dos 15 anos; segundo documento conjunto do Unicef e do Unfpa, o casamento prematuro é considerado um dos problemas mais graves de desenvolvimento humano em Moçambique.
Ouri Pota, da Rádio ONU em Maputo
Dados do Inquérito Demográfico de Saúde, IDS, mostram que Moçambique é o país com o décimo maior índice de casamentos prematuros no mundo. Cerca de 14% das mulheres com idades entre 20 e 24 casaram antes dos 15 anos, e 48% antes dos 18 anos de idade.
A Rádio ONU em Maputo conversou com Carla Mendonça, especialista de Protecção da Criança do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, em Moçambique. Na entrevista, ela citou alguns dos perigos do matrimônio precoce.
Prejuízos
“Os prejuízos são enormes. Podemos aqui destacar partos prematuros, gravidezes não desejadas, as fístula obstetrícas, a morte neo-natal, a má nutrição crónica. Mas também temos o problema da educação, que tem um impacto directo na forma como um capital humano de um país se desenvolve, porque a rapariga que deixa de ir à escola para tomar conta de um lar, naturalmente ainda não esta preparada para educar um outro ser que ela possa gerar.”
A especialista reconhece o contributo das confissões religiosas, líderes tradicionais e grupo comunitários na luta contra casamentos prematuros. Ela alerta que a ausência de esforço conjunto poderá colocar em risco o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, nos pontos 4 e 5.
Acesso
“Naturalmente deitam abaixo qualquer esforço que for estabelecido e as metas estão em risco de não serem alcançadas se não forem devidamente endereçados os problemas que afetam. Falamos do acesso à escola, um acesso que se pretende que seja equitativo, igual para todos em termos de acesso a rapazes e raparigas e em termo de acesso geográfico.”
Segundo um documento conjunto do Unicef e do Fundo das Nações Unidas para População, Unfpa, o casamento prematuro é considerado um dos problemas mais graves de desenvolvimento humano em Moçambique.
O documento indica que a província de Nampula, no norte, tem 62% de raparigas casadas entre 15 a 17 anos de idade. Em Niassa, o índice é de 24% de casadas até os 15 anos.