Perspectiva Global Reportagens Humanas

Alto risco de alastramento da pólio em Gaza requer resposta urgente, diz ONU

Cerca de dois terços dos edifícios de Gaza estão danificados ou destruídos
© Unrwa
Cerca de dois terços dos edifícios de Gaza estão danificados ou destruídos

Alto risco de alastramento da pólio em Gaza requer resposta urgente, diz ONU

Paz e segurança

Agências humanitárias estão preocupadas com mutação e eventuais atrasos na entrega da vacina; OMS alocou mais de 1,23 milhão de doses da nova vacina oral contra a poliomielite tipo 2 para imunizar mais de 640,5 mil crianças.

Agências da ONU alertam que o risco de alastramento da poliomielite na Faixa de Gaza continua alto. A grave ameaça à saúde requer uma resposta urgente e abrangente, segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS, e o Fundo da ONU para a Infância, Unicef.

Uma nota lançada esta quarta-feira destaca que será preciso realizar pelo menos duas rodadas da vacina oral contra a poliomielite para interromper a transmissão em curso.

Uma mulher leva uma criança para uma consulta de saúde em Gaza. (arquivo)
© Unrwa
Uma mulher leva uma criança para uma consulta de saúde em Gaza. (arquivo)

Rede Global de Laboratórios da Poliomielite

Em 23 de junho, a Rede Global de Laboratórios da Poliomielite coletou amostras de esgoto contendo o poliovírus tipo 2 derivado da vacina nas áreas de Khan Younis e Deir al Balah.

Cerca de um mês depois foram relatados três casos de paralisia pelas autoridades de saúde de Gaza e as amostras enviadas para a Jordânia para testes. A paralisia flácida aguda pode ter inúmeras causas, incluindo o poliovírus, segundo a OMS.

A agência ressaltou que ainda não foram publicados resultados sobre os afetados no norte de Gaza, em Deir al Balah e Khan Younis. Antes do conflito, Gaza tinha uma cobertura de vacina contra a poliomielite considerada excelente.

Mutação do vírus da poliomielite

A OMS descreve agora um “ambiente perfeito” para que a vacina enfraquecida contra o vírus da poliomielite sofra mutação para uma versão mais forte. Esta situação pode causar paralisia em pessoas que não tenham sido totalmente imunizadas.

Outra preocupação das agências é com eventuais atrasos na entrega da vacina contra a poliomielite e equipamentos essenciais da cadeia de frio em meio a intensos combates e insegurança no enclave. As tensões regionais ligadas à guerra em Gaza ameaçam ampliar a violência.

O pedido das agências é que pausas humanitárias sejam implementadas para vacinar crianças e mitigar o risco de transmissão.

O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, anunciou ter liberado 1,23 milhão de doses da nova vacina oral contra a poliomielite tipo 2 para uso em Gaza, para imunizar mais de 640,5 mil crianças menores de 10 anos.

Funcionários da Unrwaapoiam crianças em Gaza
UNRWA
Funcionários da Unrwaapoiam crianças em Gaza

Cobertura de imunização de rotina

As agências pedem acesso seguro e sustentado e proteção dos profissionais de saúde que para que a campanha de vacinação em massa funcione. A Faixa de Gaza tem 16 dos 36 hospitais “parcialmente funcionais”.

Em toda a região, a cobertura de imunização de rotina para poliomielite caiu de 99% em 2022 para menos de 90% no primeiro trimestre de 2024.

O conflito teve impacto em campos que levaram à redução das taxas de imunização como sistema de saúde, aumento da insegurança, inacessibilidade, deslocamento constante da população e limitação da distribuição de suprimentos médicos.

Com estas questões aliadas à má qualidade da água e destruição de meios de saneamento há um risco maior de doenças que podem ser prevenidas por vacinas, incluindo a poliomielite e outros surtos.