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No Sudão, os “civis estão na linha de fogo. Nenhum lugar é seguro para eles”

Combates pesados na cidade levam a baixas civis significativas
ONU/Albert Gonzalez Farran
Combates pesados na cidade levam a baixas civis significativas

No Sudão, os “civis estão na linha de fogo. Nenhum lugar é seguro para eles”

Paz e segurança

Alerta foi feito pela secretária-geral assistente da ONU para a África no Conselho de Segurança; representante chama a atenção para larga escala das “graves violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos” no país.

Combates que se dividem em linhas étnicas na área sudanesa de El Fasher e arredores levantam “profunda preocupação” das Nações Unidas. O potencial é que esta realidade possa causar mais sofrimento aos civis.

Nesta terça-feira, o Conselho de Segurança discutiu a situação do país africano que registrou 18 milhões de desalojados pelo conflito iniciado em 15 de abril de 2023.

Risco de perder a vida devido à fome

Uma avaliação realizada em território sudanês identificou mais de 18 milhões de vítimas de desnutrição aguda. Destas, cerca de 5 milhões de pessoas estão em risco de perder a vida devido à fome.

A capital de El Fasher, Darfur, registra bombardeios aéreos e lançamentos em áreas densamente povoadas. Uma contagem feita em dois meses até meados de junho revelou que pelo menos 192 civis perdem a vida nesses atos.

ONU diz que comunidade internacional carece urgentemente de ações significativas para garantir a responsabilização no Sudão
ONU/Evan Schneider
ONU diz que comunidade internacional carece urgentemente de ações significativas para garantir a responsabilização no Sudão

Estima-se que várias dezenas de civis, incluindo mulheres e crianças, foram mortos nos últimos dias. A secretária-geral assistente para a África, Martha Pobee disse que os “civis estão na linha de fogo. Nenhum lugar é seguro para eles.”

A representante afirmou que ocorrem graves violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos. Os atos incluem execuções sumárias de civis, a prisão e detenção incomunicável de centenas de indivíduos em condições precárias, bem como a violência sexual generalizada relacionada ao conflito.

Forças de Apoio Rápido 

De acordo com as Nações Unidas, grande parte dos crimes é cometida por Forças de Apoio Rápido, RSF, que confrontam o Exército desde o ano passado.

Para ela, a comunidade internacional carece urgentemente de ações significativas para garantir a responsabilização por essas violações e as “vítimas merecem justiça”.

Mais de 1,8 milhões de dudaneses fugiram para países vizinhos
© Unicef/Spalton
Mais de 1,8 milhões de dudaneses fugiram para países vizinhos

Ela lamentou que os esforços da mediação ainda não garantam um cessar-fogo nem um diálogo direto sustentado entre as partes às quais pediu mais diálogo e que deixem “jogos destrutivos de culpa e busquem todas as oportunidades pela paz.”

Com 1,5 milhão de habitantes, Darfur abriga aproximadamente 800 mil deslocados internos. Combates pesados na cidade levam a “baixas civis significativas, danificaram casas e causaram deslocamento em massa.”

Operações de prevenção à fome 

Os mais de 1,8 milhões fugindo para países vizinhos destacam “a longa e perigosa jornada de Cartum até o Egito, Quênia ou Uganda”. Muitas vezes, eles atravessam vários países tentando escapar do conflito. 

A maioria dos desalojados saiu sem nada e viajou por várias semanas em busca de segurança, revelou a representante. O plano humanitário de US$ 2,2 bilhões somente obteve 17% dos fundos para este ano.