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“Fome e pobreza são principais inimigos das mulheres”, afirma ministra brasileira

Vila Esperança, ou Aldeia da Esperança, assentamento espontâneo criado por migrantes e refugiados venezuelanos em Pacaraima
OIM/Gema Cortes
Vila Esperança, ou Aldeia da Esperança, assentamento espontâneo criado por migrantes e refugiados venezuelanos em Pacaraima

“Fome e pobreza são principais inimigos das mulheres”, afirma ministra brasileira

Mulheres

Durante a 68ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher, Cida Gonçalves destacou liderança do Brasil no G20 e participação na CSW, enfatizando a luta contra desigualdades; em entrevista à ONU News, ela abordou questões como inclusão social, enfrentamento à pobreza e igualdade salarial.

A ministra das Mulheres do Brasil subiu duas vezes no pódio da Assembleia Geral durante a 68ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher, CSW. Cida Gonçalves falou em nome da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, Cplp, e apresentou os progressos do Brasil na pauta. 

Destacando o enfrentamento das desigualdades em ambos os discursos, a ministra ressaltou em entrevista à ONU News a conexão entre a liderança brasileira no G20 e a participação na CSW deste ano, fundamentada nesse princípio, juntamente com a busca pela inclusão e proteção social. Ela enfatizou que as medidas de combate à pobreza têm um impacto significativo, especialmente nas mulheres.

Inclusão e enfrentamento contra pobreza

“Eu acho que a fome e a pobreza são os principais inimigos das mulheres. As mulheres que sofrem hoje no Brasil com o maior índice de pobreza e de miséria. São as mulheres negras, as mulheres mães solos. Elas que estão entre os 33 milhões de pessoas passando fome, são mais de 80%. Portanto, é preciso incluir essas mulheres na sociedade. É preciso garantir a elas acesso a um mínimo de dignidade, cidadania que é poder comer, poder ter sua qualificação profissional, poder fazer o debate e discutir a questão do salário igual”

Cida Gonçalvez reafirma que seu mandato busca retomar importantes políticas sociais para combater a pobreza e avalia que o Brasil tem uma experiência que pode ser compartilhada com outros países que buscam implementar medidas para lidar com o problema.

“Nós retomamos políticas sociais importantes no combate à fome com programas como o Bolsa Família. Nós temos o programa de alimentação escolar que garante alimentação na escola e compra a comida da agricultura familiar, empoderando as mulheres que estão na agricultura familiar. Nós estamos construindo o Minha Casa, Minha Vida em nome das mulheres. O Brasil já tem uma experiência e já está executando, de fato, políticas de inclusão, de enfrentamento à pobreza.”

Igualdade salarial

Na Assembleia Geral, a ministra apresentou a Lei da Igualdade Salarial e Remuneratória entre mulheres e homens e disse querer fortalecer a importância desse debate nas instâncias internacionais. 

A representante brasileira afirmou que é inaceitável que nos dias de hoje as mulheres ainda recebam cerca de 20% a menos que homens na mesma função. A ministra lembrou que a lacuna é ainda maior entre mulheres negras, indígenas e imigrantes.

Ela acrescentou que o governo brasileiro está formulando uma Política Nacional de Cuidados com foco as mulheres. 

Segundo o governo brasileiro, o país participa da CSW desde a sua criação, em 1946. A ministra Cida Gonçalves veio à Nova Iorque acompanhada da socióloga e primeira-dama Janja Lula da Silva.

A delegação reafirmou que tem o objetivo de ganhar protagonismo na discussão de políticas públicas com foco na igualdade de gênero, desenvolvimento sustentável e justiça social.