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Mais de 1,2 mil pessoas correm risco diário de sofrer mutilação genital feminina

Nações Unidas calculam que um quarto das sobreviventes da mutilação genital feminina teve contato com um profissional de saúde
© Unfpa Iêmen
Nações Unidas calculam que um quarto das sobreviventes da mutilação genital feminina teve contato com um profissional de saúde

Mais de 1,2 mil pessoas correm risco diário de sofrer mutilação genital feminina

Assuntos da ONU

Em Dia Internacional, secretário-geral da ONU pede defesa de direitos de mulheres e meninas e o fim da prática; filhas de sobreviventes correm risco significativamente maior de serem submetidas ao procedimento.

As Nações Unidas marcam o Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina pedindo que os esforços e investimentos sejam redobrados para defender os direitos das mulheres e das meninas e que acelere o fim da prática.

Em mensagem sobre a data, assinalada em 6 de fevereiro, o secretário-geral, António Guterres, diz que a mutilação genital feminina é uma violação flagrante dos direitos humanos com danos permanentes à saúde física e mental das vítimas.

Violência baseada no gênero

Estima-se que atualmente 4,4 milhões de meninas estejam em risco de sofrer com o que o chefe da ONU chama de “terrível ato de violência baseada no gênero”. O número equivale a 1,2 mil casos diários.

A ONU News conversou com a embaixadora em Portugal da ONG AND que promove o fim da mutilação genital feminina no país. De Estrasburgo, França, Sona Fati defendeu que é preciso continuar com a prevenção envolvendo ativamente as pessoas que deixam suas terras de origem.

ONU pede medidas definitivas para abordar normas sociais, econômicas e políticas que perpetuam a discriminação a mulheres e meninas
Unfpa
ONU pede medidas definitivas para abordar normas sociais, econômicas e políticas que perpetuam a discriminação a mulheres e meninas

“É importante incluir as pessoas migrantes, independentemente da origem e dos países, porque as dinâmicas das vivências também nos ajudam a refletirmos sobre as práticas das nossas origens. Não se trata de nós perdermos a nossa origem, essência, cultura e identidade. Não. Ajuda-nos a verificar se as práticas que estamos a ter, daquilo que nós chamamos a nossa cultura, elas realmente são potenciadoras do desenvolvimento humano. É importante dar oportunidade às mulheres, em todas as esferas da sociedade, desde tenra idade. É muito importante olhar para a mulher como um ser igual ao homem, um ser tão relevante quanto o homem dentro da sociedade.”

As Nações Unidas calculam que um quarto das sobreviventes da mutilação genital feminina teve contato com um profissional de saúde.

A organização destaca ainda que as filhas de sobreviventes correm um risco significativamente maior de viverem a experiência, em comparação com as de mulheres que não passaram pelo procedimento.

Discriminação de mulheres e meninas 

O secretário-geral pede medidas definitivas para abordar normas sociais, econômicas e políticas que perpetuam a discriminação a mulheres e meninas, limitam a participação e liderança ou restringem seu acesso à educação e ao emprego. 

Nesse processo, ele sugere que sejam priorizadas as ações para desafiar as estruturas e atitudes de poder patriarcais que estão na origem da “prática abominável”. 

António Guterres também quer urgência em investimentos para atingir a meta estabelecida nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de eliminar a mutilação genital feminina até 2030.

Para o secretário-geral devem ser ampliadas as vozes das sobreviventes e apoiados seus esforços em favor da recuperação baseada na autonomia sobre seus corpos.