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Dia Internacional destaca conexão entre desastres e desigualdade

Pessoas fogem de suas casas quando o ciclone Freddy atinge a cidade de Blantyre, no Malaui (arquivo)
UNICEF
Pessoas fogem de suas casas quando o ciclone Freddy atinge a cidade de Blantyre, no Malaui (arquivo)

Dia Internacional destaca conexão entre desastres e desigualdade

Clima e Meio Ambiente

Este 13 de outubro marca o Dia Internacional para a Redução do Risco de Desastres, enfatizando que a exclusão é causa e consequência de maior exposição às ameaças; cidade brasileira selecionada como primeiro hub de resiliência na Amazônia realizou oficinas para mapear riscos. 

O tema do Dia Internacional para a Redução do Risco de Desastres de 2023 é a relação recíproca entre desastres e desigualdade. 

Celebrada neste 13 de outubro, a data reforça que a pobreza, a desigualdade e a discriminação são causas e consequências do crescente risco de catástrofes. 

560 catástrofes por ano

Até 2030, com as atuais projeções climáticas, o mundo enfrentará cerca de 560 catástrofes por ano. Estima-se que mais 37,6 milhões de pessoas viverão em condições de pobreza extrema devido aos impactos das alterações climáticas e das tragédias ambientais.

O Dia Internacional de 2023 segue a adoção, em maio, de uma declaração política pela Assembleia Geral da ONU, com o objetivo de acelerar as ações para fortalecer a resiliência diante de catástrofes.

Um dos exemplos positivos vem do Brasil, na cidade de Barcarena, no Pará. Em julho deste ano, o local foi nomeado pelo Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres, Undrr, como o primeiro hub de resiliência na Amazônia. 

Durante o mês de setembro, a prefeitura de Barcarena realizou, com apoio do Undrr, três oficinas para avaliação de riscos e vulnerabilidades em saúde, alimentação e inclusão de pessoas com deficiência. 

Assessora de agendas globais da prefeitura de Barcarena, Patrícia Menezes
ONU News
Assessora de agendas globais da prefeitura de Barcarena, Patrícia Menezes

Cidade brasileira avalia riscos em saúde e alimentação

Na discussão das ameaças para os sistemas alimentares, participaram autoridades e produtores locais de alimentos. A assessora de agendas globais da Prefeitura de Barcarena, Patrícia Menezes, falou à ONU News sobre a preocupação com o impacto das mudanças climáticas.

“Os produtores destacaram que eles já estão sentindo na sua produção de alimentos os impactos da mudança do clima, como as chuvas intensas, ou o calor e os períodos de estiagem tem impactado a produção de alimentos.”

Sobre os riscos de saúde pública, Patrícia enfatizou aumento de casos de pressão alta e desidratação devido ao calor extremo.

“Nós estamos localizados na linha do Equador, na região amazônica. Então, as temperaturas e a umidade são altas e isso tem se intensificado com essas ondas de calor que tem ocorrido no mundo inteiro, devido à mudança do clima. Isso causa vários impactos no sistema de saúde pública, aumenta a demanda de atendimentos por casos de desidratação, edema, inchaço, enxaqueca, AVC.”

Em relação a inclusão de pessoas com deficiência, ela disse que “a grande dificuldade nas cidades amazônicas é a mobilidade”, pois muitos trajetos são feitos de barco. 

Olhar diversificado

O Undrr afirma que a desigualdade e a vulnerabilidade a catástrofes são duas faces da mesma moeda: o acesso desigual a serviços, como financiamento e seguros, deixa os que estão em maior risco expostos ao perigo. 

Sobre a experiência de Barcarena, Patrícia enfatiza a importância de ações de conscientização, ampliação dos serviços públicos, fomento à agricultura de baixo carbono, com melhor gestão de recursos de recursos naturais para “reduzir os diversos riscos” e assim tentar evitar no futuro “algum tipo de desastre, como por exemplo uma seca.”

Ela afirma que independentemente do tipo de risco “todos eles precisam ser trabalhados de forma holística e integrada, buscando diferentes olhares e a articulação dos diversos segmentos da sociedade.” 

Segundo a especialista, o público diverso que participou nas oficinas em Barcarena garantiu que o diagnóstico realizado tivesse “um olhar diversificado.”