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Na Cúpula da Ambição Climática, ONU pede apoio para campeões do clima

Líderes de estados, empresas e sociedade civil reuniram-se em Nova Iorque para a Cúpula sobre Ambição Climática organizada pelo Secretário-Geral da ONU
ONU/Anton Uspensky
Líderes de estados, empresas e sociedade civil reuniram-se em Nova Iorque para a Cúpula sobre Ambição Climática organizada pelo Secretário-Geral da ONU

Na Cúpula da Ambição Climática, ONU pede apoio para campeões do clima

Clima e Meio Ambiente

Evento convocado pelo secretário-geral contou com presença de vários líderes mundiais; ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática do Brasil, Marina Silva, afirma determinação de liderar processo; em entrevista prévia ao evento, ela comentou que país quer promover aumento de ambição no clima. 

Para reforçar a vontade coletiva global de acelerar a transição para um futuro mais sustentável, o secretário-geral da ONU, António Guterres, convocou a Cúpula da Ambição Climática. O evento que acontece nesta quarta-feira conta com a presença de diversos chefes de Estado, em Nova Iorque. 

Na abertura, Guterres disse que “se nada mudar, vamos atingir um aumento de 2,8°C na temperatura global e caminhar em direção a um mundo perigoso e instável.”

“Cabe aos líderes escrever o futuro”

O chefe das Nações Unidas ressaltou que “o futuro não está definido e cabe aos líderes escrevê-lo”.

Segundo Guterres, o caminho a seguir é claro, pois está sendo “forjado por pessoas persistentes e pioneiras, algumas presentes na Cúpula”. 

Ele disse que assas lideranças incluem ativistas que não se calam, povos indígenas que protegem suas terras, empresários que transformam seus modelos de negócios, prefeitos que apostam em um futuro sem carbono e governos que se empenham em acabar com o uso de combustíveis fósseis.

Guterres afirmou que esses campeões do clima precisam de “solidariedade, apoio e que os líderes globais tomem atitudes.” 

EXCLUSIVO: Marina Silva comenta necessidade de aumento de ambição climática dos países

Brasil aposta na “quebra da inércia”

O Brasil foi representado no evento pela ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva. Em conversa com a ONU News, na segunda-feira, ela disse que a liderança do secretário-geral nos temas relacionados à crise ambiental global tem sido muito importante.

A ministra afirmou que é preciso “quebrar a inércia dos resultados que já foram alcançados até aqui, porque a ciência está dizendo que eles não são suficientes.” 

“Não é mais o mundo rico cobrando dos pobres ou os pobres cobrando dos ricos, é a ciência dizendo que temos que fazer mais. Mas para fazermos mais, precisamos dos recursos para o fundo de apoio aos países em desenvolvimento, precisamos de cooperação tecnológica e principalmente de um processo multilateral que nos leve a ter compromissos efetivos e que sejam implementados por todos.” 

Determinação de liderar pelo exemplo

Marina Silva disse que o clima é a “crise das crises” e que os países precisam aumentar suas ambições para responder a esta ameaça. 

“O Brasil está com a determinação de liderar pelo exemplo. Nós já conseguimos reduzir o desmatamento nesses oito primeiros meses de governo do presidente Lula em 48%, com essa redução nós evitamos lançar na atmosfera algo em torno de 200 milhões de toneladas de CO2. E o Brasil quer participar de um esforço na COP28, na cop29 para que possamos chegar na COP 30 com a possibilidade de aumentar as ambições de todos os países.” 

A ministra afirmou que é preciso “mitigar, adaptar, mas é preciso sobretudo transformar.” 

O secretário-geral da ONU disse que “o futuro da humanidade está em nossas mãos”. De acordo com ele, “uma cúpula não vai mudar o mundo”, mas pode ser um momento poderoso para impulsionar transformações nos próximos meses.

Cerca de 34 Estados membros participam do encontro compartilhando medidas de ação climática. Dos países de lusófonos, Portugal está na lista dos participantes. 

Em seu discurso na Assembleia Geral, o presidente de Portugal, Marcelo Rebello, mencionou a urgência por cooperação mais ambiciosa contra as alterações climáticas, que causam cada vez mais fenômenos extremos.