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Unicef quer mais empresas de Moçambique promovendo aleitamento materno

Uma mãe no sul do Malaui amamenta sua filha de seis meses
Unicef/Thoko Chikondi
Uma mãe no sul do Malaui amamenta sua filha de seis meses

Unicef quer mais empresas de Moçambique promovendo aleitamento materno

Mulheres

Com taxa de 38% na desnutrição crônica e 5% de aguda, nação de língua portuguesa revela que 55% das crianças têm aleitamento materno exclusivo; agência da ONU quer aumento dos índices.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e o Ministério da Saúde de Moçambique reuniram-se com empresas do setor privado para refletir sobre a necessidade de apoio ao aleitamento materno em todos os locais de trabalho.

O encontro marcou a Semana Mundial do Aleitamento Materno, sob o tema "Facilitando o Aleitamento Materno, fazendo diferença para os pais que trabalham!".  A chefe de Saúde e Nutrição da Criança do Unicef, Maureen Gallagher, citou a importância do envolvimento de todos para o sucesso do programa.

Chefe de Saúde e Nutrição da Criança do Unicef, Maureen Gallagher,
ONU News/Ouri Pota
Chefe de Saúde e Nutrição da Criança do Unicef, Maureen Gallagher,

Responsabilidade de todos 

“O aleitamento materno é um ato de amor e proteção que fortalece a relação entre mãe e filho desde os primeiros momentos de vida. No entanto, sabemos que muitas mães, a nível global, e em Moçambique, em particular, enfrentam desafios para continuar amamentando após retornarem ao trabalho. Neste momento, o apoio do local de trabalho pode fazer toda a diferença”.

Segundo Maureen, estudos mostram que quando as empresas apoiam a amamentação, há um aumento na produtividade, redução do absenteísmo e melhoria da satisfação e lealdade dos funcionários.

Progresso e Meta 

A chefe do Departamento de Nutrição do Ministério, Marla Amaro, afirma que apesar dos avanços existentes, há necessidade de redobrar os esforços face aleitamento materno.

“Estamos agora com desnutrição crônica em 38%, temos agora a desnutrição aguda centrada em 5%, mas claramente nós estamos felizes e não deveríamos estar felizes. Houve uma redução e pela primeira vez uma redução significativa, mas ainda não é o suficiente, porque com os dados que nós temos diz que 1 em cada 3 crianças têm desnutrição crônica”.

Um dos principais objetivos do encontro foi destacar a importância do aleitamento materno exclusivo em Moçambique para os principais decisores, influenciadores e intervenientes.

Apenas 55% das crianças com menos de seis meses recebem aleitamento materno exclusivo. Marla Amaro pede que a sociedade apoie o aleitamento com cada mãe moçambicana.

“As mulheres moçambicanas são felizes. Os últimos dados que nós temos diz que 55% das nossas crianças fazem o aleitamento materno exclusivo. Estamos de parabéns, mas nós gostaríamos de que toda criança moçambicana não ficasse para trás, tivesse a possibilidade de ter o benefício de fazer aleitamento materno. Meta mundial é 50%, mas nós queremos chegar a 80%, eu diria 100% se nós não tivermos nenhuma morte materna. Toda mãe deve amamentar o seu filho”.

Chefe do Departamento de Nutrição do Ministério, Marla Amaro
ONU News/ Ouri Pota
Chefe do Departamento de Nutrição do Ministério, Marla Amaro

Experiencias do setor privado 

Dentre várias entidades presentes, Almirante Dimas em representação ao setor de recursos humanos da multinacional, Vodacom, elogiou a iniciativa que permitiu a partilha da estratégia que sua instituição tem aplicado aos pais.

“Significa afirmação do caminho do que nós já começamos a trilhar. Nós já implementamos boa parte para dar suporte as mães, amamentação...A nossa expectativa é que outras empresas consigam seguir o caminho porque nós já temos, a estas alturas, 4 meses para as mães e quatro meses para os pais”.

Em nota conjunta do Unicef e OMS, por ocasião da Semana Mundial do Aleitamento Materno, indica que na última década, a prevalência do aleitamento materno exclusivo registrou um aumento notável de 10 pontos percentuais, atingindo 48% a nível mundial. 

As agências apelam aos governos, aos doadores, à sociedade civil e ao sector privado para que intensifiquem os esforços com vista a garantir um ambiente favorável à amamentação para todas as mães trabalhadoras incluindo as do setor informal ou com contratos temporários.

A OMS e Unicef apelam também a inclusão de licenças de maternidade pagas durante um mínimo de 18 semanas, de preferência durante um período de seis meses ou mais após o nascimento.

De Maputo para ONU News, Ouri Pota