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Uma em cada 10 viúvas no mundo vive na extrema pobreza, alertam Nações Unidas

Narun Nahar está sentada em sua máquina de costura no assentamento de refugiados de Kutupalong. Ela fugiu de Mianmar com sua família, mas seu marido e pai foram mortos no caminho, deixando Narun e sua mãe viúvas.
© UNHCR/Kamrul Hasan
Narun Nahar está sentada em sua máquina de costura no assentamento de refugiados de Kutupalong. Ela fugiu de Mianmar com sua família, mas seu marido e pai foram mortos no caminho, deixando Narun e sua mãe viúvas.

Uma em cada 10 viúvas no mundo vive na extrema pobreza, alertam Nações Unidas

Mulheres

Este 23 de junho marca o Dia Internacional das Viúvas; em algumas partes do leste da República Democrática do Congo, cerca de metade das mulheres é viúva; mundo tem 258 milhões de pessoas nessa situação.

Exclusão social, pobreza extrema e uma luta longa por direitos básicos e dignidade. Essas são algumas das barreiras enfrentadas por pelo menos 258 milhões de viúvas em todo o  mundo. 

 

O alerta é feito pelas Nações Unidas neste 23 de junho, quando é marcado o Dia Internacional das Viúvas. Muitas são forçadas a participar em práticas degradantes, danosas e até ameaçadoras como parte do enterro ou rituais de luto de seus parceiros. 

 

Pobreza em várias partes do globo 

 

No leste do país africano, a República Democrática do Congo, por exemplo, metade das mulheres são viúvas, segundo os dados da Fundação Loomba, de 2016. 

 

Em comunicado, a ONU afirma que as viúvas são, historicamente, deixadas de lado, não recebem apoio e enfrentam vários desafios num contexto de pobreza em muitas partes do globo. Uma em cada 10 vive na extrema pobreza. 

Ester Angello (44), viúva do Sudão do Sul, faz e vende perfumes no Wisdom Center na área de Gurei, em Juba, Sudão do Sul.
© UNICEF/Gonzalez Farran
Ester Angello (44), viúva do Sudão do Sul, faz e vende perfumes no Wisdom Center na área de Gurei, em Juba, Sudão do Sul.

Este ano, o foco vai para “mulheres invisíveis e problemas invisíveis”. Em regiões de conflitos armados, deslocamentos e migração, além da pandemia de Covid-19, dezenas de milhares de mulheres, que perderam seus parceiros, e muitas outras cujos parceiros desapareceram, ficaram sem voz na sociedade. E por isso, o Dia Internacional quer dar a história de cada uma, um lugar de destaque. 

 

Estigmas e doença 

 

Em muitos países, as mulheres que ficam viúvas não têm direito à herança, perdem sua propriedade e enfrentam estigmas e discriminação extremas. Muitas passam a ser vistas como doentes.  

 

Em todo o mundo, muitas mulheres têm menos acesso à aposentadorias e pensões, numa idade avançada, que os homens. E nesses casos, a morte do cônjuge pode significar a pobreza total para elas. 

 

Neste Dia Internacional das Viúvas, que resulta de uma resolução da Assembleia Geral, aprovada em 2011, a ONU pede aos governos que mobilizem o apoio do qual as viúvas precisam. Os países também devem se comprometer com a aplicação da Convenção para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra Mulheres e com a Convenção sobre os Direitos da Criança. 

 

Programas e políticas para acabar com a violência, aliviar a pobreza e levar educação e apoio às viúvas, em qualquer idade, também são necessários para acelerar o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.