Aiea pede urgência para garantir segurança nuclear em Zaporizhzhia
Agência realiza primeiros contatos com as partes envolvidas no conflito; diretor-geral disse que reatores da central nuclear da Europa não estão em operação; até agora, avaliação concluiu que nada suscita preocupação com proliferação nuclear.
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, considera “urgentemente necessário” criar uma zona de segurança e proteção na central nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia.
Rafael Mariano Grossi disse ao Conselho de Diretores da agência, em Viena, que dias depois de visitar o local iniciou consultas com as partes relevantes para um compromisso sobre esse propósito.
Inspetores
Falando nesta segunda-feira, na capital austríaca, ele defendeu a presença contínua de especialistas da agência no local para ajudar a garantir a segurança e proteção nuclear. Com a medida, os inspetores já realizaram atividades consideradas vitais.
Grossi disse que a missão de especialistas deixou claro o objetivo “urgente e imperativo de se parar com os bombardeios”, que impedem uma operação segura da central nuclear de Zaporizhzhia.
Para o chefe da Aiea, uma zona de proteção é essencial para o fim de frequentes bombardeios da usina e para a infraestrutura de energia externa. Ambos são recursos “cruciais para o resfriamento dos reatores e outros sistemas de segurança, agora que todos os reatores da central nuclear estão parados”.
Grossi informou ainda que os canais de comunicação foram interrompidos, e em alguns casos cortados, na maior central nuclear da Europa. A recomendação é que sejam restabelecidos de forma confiável e segura, com níveis adequados de troca de informações.
Proliferação
O chefe da Aiea contou que as medidas de proteção da Aiea continuam sendo implementadas, apesar dos desafios contínuos da guerra entre a Ucrânia e a Rússia. Ele considera essencial a verificação nos dois reatores que foram reabastecidos e prometeu que o plano continuará sendo observado, tendo em conta a segurança e proteção.
O diretor-geral disse que após a avaliação das informações sobre defesas disponíveis, não foi encontrada nenhuma indicação que pudesse gerar preocupação de proliferação.
O programa de assistência técnica continua a ser um veículo importante para que a Ucrânia peça assistência e os Estados-membros em condições de o fazer possam oferecê-la.
Consequências
Em julho, a Aiea fez a primeira entrega de equipamentos essenciais para as instalações composta por dispositivos de proteção e monitoramento de radiação, bem como proteção individual e outros. A meta é mitigar as possíveis consequências de um acidente nuclear ou uma emergência radiológica.
Grossi disse que 11 doadores e uma organização internacional já se ofereceram ou mostraram-se disponíveis a dar contribuições fora do orçamento regular para apoiar a Ucrânia em termos de segurança, proteção e salvaguardas nucleares.
Nos próximos meses, mais equipamentos relacionados ao tipo de operação serão transportados. O diretor-geral da Aiea destacou haver “necessidades substanciais” e incentivou os outros países a avançarem com seu apoio nesse sentido.