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Em Dia Internacional, ONU lembra que contaminação por minas afeta 67 países

Na província de Kandahar, no Afeganistão, os desarmadores podem encontrar artilharia de décadas atrás
Unmas
Na província de Kandahar, no Afeganistão, os desarmadores podem encontrar artilharia de décadas atrás

Em Dia Internacional, ONU lembra que contaminação por minas afeta 67 países

Paz e segurança

Minas terrestres e outros dispositivos similares ameaçam vidas e liberdade de movimento; 30 Estados e territórios conseguiram se livrar dos artefatos explosivos; data para conscientização marca importância de esforços que já resultaram na destruição de 55 milhões de minas antipessoais.

O Dia Internacional de Conscientização e Assistência Contra Minas 2023 é marcado neste 4 de abril com um alerta.

Pelo menos 67 países ainda sofrem com contaminação desses explosivos. Nações como Camboja, Laos e Vietnã lidam com o problema há décadas.  Novos focos de contaminação incluem Colômbia, Mianmar, Ucrânia e Iêmen.

Falta de mobilidade

O tema deste ano é: “A ação contra as minas não pode esperar”. O destaque da campanha são os impactos nas comunidades marcadas por insegurança, falta de mobilidade e de acesso a terras produtivas.

Em mensagem, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, classificou os artefatos como um “legado aterrorizante” dos conflitos.

Ele disse que mesmo em contextos de paz, não há garantia de segurança quando minas e outros explosivos são colocados a caminho de escolas, hospitais, plantações e rotas de migração.

Guterres afirmou que é preciso agir para acabar com a ameaça desses “dispositivos de morte”. Para ele, a segurança é essencial para a recuperação de comunidades e modos de vida impactados por conflitos.

Dois desarmadores trabalham para descontaminar a terra em Bunia, na República Democrática do Congo
ONU/Martine Perret
Dois desarmadores trabalham para descontaminar a terra em Bunia, na República Democrática do Congo

Parcerias contra armas letais

O Serviço das Nações Unidas de Ação contra Minas, criado mais de 20 anos, promove parcerias para remover essas armas letais, apoiar autoridades e proteger o acesso a residências, unidades de saúde e educação e campos de cultivo.

O serviço também apoiou a Iniciativa de Grãos do Mar Negro para transporte de alimentos e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia.

O chefe da ONU pediu aos Estados-membros que ratifiquem e implementem integralmente a Convenção de Proibição de Minas, a Convenção sobre Munições Explosivas e a Convenção sobre Certas Armas Convencionais.

Especialistas do Unmas ensinam crianças no Sudão do Sul sobre os riscos de munições não detonadas
Unmiss/Roseline Nzelle Nkwelle
Especialistas do Unmas ensinam crianças no Sudão do Sul sobre os riscos de munições não detonadas

Crianças são a maioria das vítimas

Desde o final dos anos 90, mais de 55 milhões de minas terrestres foram destruídas e mais de 30 países tornaram-se livres de minas.

Por outro lado, 67 Estados e territórios ainda se encontram contaminados por artefatos explosivos.=

Atualmente, 164 países são signatários do Tratado de Proibição de Minas, que é considerado uma das convenções de desarmamento mais ratificadas até hoje. No entanto, de acordo com o secretário-geral, são necessários esforços globais mais amplos para proteger as pessoas das minas terrestres.

As últimas estimativas mostram que, em 2021, mais de 5,5 mil pessoas perderam a vida ou ficaram feridas devido a minas terrestres. A maior parte das vítimas são civis, a maioria crianças.