ONU pede que líderes europeus invistam no resgate da dignidade do povo sírio
Com mais de 500 mil deslocados internos pós-terremoto, situação nos abrigos é grave; falta de infraestrutura inviabiliza trabalho humanitário; ONU sugere investimentos de U$ 14,8 bilhões para reduzir vulnerabilidades da população.
O coordenador humanitário da ONU na Síria, El-Mostafa Benlamlih, participou da Conferência Internacional de Doadores organizada nesta segunda-feira pela União Europeia. Na ocasião, ele destacou que há uma sobreposição de crises no país árabe.
O objetivo do evento é arrecadar recursos e coordenar esforços de apoio à Síria e Turquia, recentemente abalados por tremores de terra.
500 mil deslocados
O enviado das Nações Unidas disse que 70% da população síria já precisava de ajuda humanitária antes do terremoto, e que 4,1 milhões de pessoas já viviam em condições extremas.
No dia 06 de fevereiro, um terremoto de magnitude 7.8 na escala Richter atingiu a Síria e a Turquia, causando enorme destruição, de acordo com agências de notícias.
Desde então, mais de 500 mil pessoas se encontram deslocadas no país árabe. Milhares estão sem acesso a serviços básicos e meios de sobrevivência, afirmou Benlamlih.
O representante da ONU disse que os campos e abrigos coletivos estão lotados. Situações de violência, abuso e danos à saúde mental estão aumentando. Ao mesmo tempo, aumenta o risco de cólera devido as más condições sanitárias.
A destruição no país se reflete na falta de redes de eletricidade, água e saneamento. De acordo com o coordenador, essas condições dificultam o trabalho humanitário e precisam ser superadas por um pacote de assistência amplo.
Dignidade
Em seu apelo aos líderes europeus, Benlamlih destacou que tirar as pessoas da pobreza e reduzir as vulnerabilidades deve ser uma prioridade. De acordo com ele, o ciclo de dependência da ajuda externa tem que ser superado.
O representante das Nações Unidas afirmou que 75% de estruturas essenciais para o bem-estar da população foram parcialmente danificadas. O reparo viabilizaria o reestabelecimento de serviços básicos, devolvendo dignidade ao povo, disse ele.
O chefe humanitário disse ainda que os próximos dois anos serão cruciais e que é o momento de “focar nas pessoas, não na política”. De acordo com ele, sem recursos suficientes e abordagens adequadas, mais de 18 milhões de pessoas podem precisar de assistência no começo de 2024.
14,8 bilhões
O levantamento das Nações Unidas, por meio da Avaliação das Necessidades de Recuperação do Terremoto na Síria, ou Serna, aponta que são necessários U$14,8 bilhões para atender as demandas.
O setor mais prejudicado no país é o de moradia, que requer investimentos de U$ 9,2 bilhões. Em seguida vem a saúde e a educação com necessidades de cerca de 1 bilhão cada.
Nessas três áreas, cerca de 90% das construções poderiam ser rapidamente consertadas, contribuindo assim para a retomada de atividades essenciais.