Guterres faz um apelo para a criação de uma aliança de paz
Assuntos da ONU
Secretário-geral defende um órgão valorizando riqueza da diversidade, vida digna e oportunidades; discurso abriu o Fórum Global da Aliança das Civilizações que acontece até esta quarta-feira em Fez, Marrocos.
Marrocos acolhe o 9º Fórum Global da Aliança das Civilizações das Nações Unidas desde esta terça-feira na cidade de Fez. Entre os temas em debate estão o papel dos líderes religiosos na promoção da paz, a ação e os esforços de combate ao racismo e a promoção da tolerância intercultural e religiosa.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que as forças da divisão e do ódio estão encontrando terreno fértil em uma realidade marcada por injustiças e conflitos.
Dignidade e oportunidades
No fórum, Guterres fez um apelo para a criação do que chamou de uma aliança de paz. A iniciativa teria o reconhecimento da diversidade como riqueza e garantiria “que todos possam viver com dignidade e oportunidades”.
ONU recomenda que o mundo possa agir em solidariedade.
O enviado especial para Aliança das Civilizações, Miguel Angel Moratinos, considerou necessário adotar formas de expressão com maturidade. Ele pediu ainda que o enfoque seja no desenvolvimento com terminologia positiva e ação política.
O subsecretário-geral destacou que diante de conceitos e atitudes negativos deve haver um vocabulário positivo. Diante da intolerância a defesa do respeito mútuo. Ele pediu maior convivência. Perante a exclusão e o separatismo, Moratinos destacou que seja defendida a inclusão e fraternidade.
Ele ressaltou que esse compromisso global deve e pode ser desenvolvido por uma aliança de paz.
Uma transformação profunda, uma nova era
No evento discursou ainda a ex-presidente da Assembleia Geral, María Fernanda Espinosa. Ela disse acreditar fortemente no que considera tempos de ruptura profunda onde seja necessária uma transformação profunda, uma nova era. Esse panorama requer “um novo contrato social, ou contratos construídos em confiança, para uma vida vivida como uma só humanidade”.
María Fernanda Espinosa disse acreditar fortemente no que considera tempos de ruptura profunda onde seja necessária uma nova era
Espinosa apresentou conceitos essenciais para resolver questões de um mundo em turbulência, como causalidade e complexidade, uma cultura de paz baseada em uma mudança civilizacional “que só pode acontecer com igualdade de gênero e direitos das mulheres”.
Ela mencionou ainda prioridades como clima, confiança, e por fim a governança e instituições num mundo ainda com oportunidades, mesmo tendo “32 conflitos armados ativos.”
O secretário-geral defendeu ainda a ação pelo planeta lembrando sua proposta de um Pacto de Solidariedade Climática combinando capacidades de economias desenvolvidas e emergentes. Ele ressaltou que o combate às desigualdades em nível global carece de recursos e apoio para o investimento de economias em desenvolvimento no seu futuro.
O tema também esteve em foco na recente cúpula das maiores economias globais, G20, na cidade indonésia de Bali. Na ocasião, Guterres recorda que pediu apoio dos líderes ao estímulo aos objetivos da agenda global para aliviar a dívida, reestruturar o Sul Global e investir nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Bases de uma paz duradoura
Situações em áreas como Chifre da África, Sahel, Afeganistão e Haiti são para Guterres motivos para ação urgente para evitar mais instabilidade e fome. Com a Iniciativa de Grãos do Mar Negro e os esforços para garantir alimentos da Ucrânia e fertilizantes russos ele disse que a meta é estabilizar os mercados e baixar os preços dos alimentos.
Enviado especial para Aliança das Civilizações considera necessário adotar formas de expressão com maturidade
O líder das Nações Unidas destacou que em uma realidade onde proliferam conflitos é necessário fortalecer a prevenção e construir as bases de uma paz duradoura. Ele destacou que o foco da questão não é atuar para resolver o tipo de crises.
Ele destacou que é preciso garantir a cooperação, aumentar a ambição, mobilizar recursos e a vontade política. António Guterres destacou ainda como catalisar as ações, em níveis global ao local. Outra recomendação é que o mundo possa agir em solidariedade.
Para o secretário-geral, a Aliança das Civilizações ajuda a mostrar o caminho que se deve seguir. Ele elogiou a organização por incorporar os valores essenciais da Carta das Nações Unidas de praticar a tolerância e convivência em paz e em vizinhança.