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No Haiti, suspeitas de cólera quase dobraram em uma semana

Pessoas com sintomas de cólera recebem tratamento em Porto Príncipe, Haiti.
© Unicef/Odelyn Joseph
Pessoas com sintomas de cólera recebem tratamento em Porto Príncipe, Haiti.

No Haiti, suspeitas de cólera quase dobraram em uma semana

Saúde

Organização Pan-Americana de Saúde alerta que casos estão se espalhando pelo país; além da crise de saúde, violência segue causando mortes e deslocamentos; ONU continua dando suporte humanitário ao país.

A Organização Pan-Americana de Saúde, Opas, afirmou que a cólera continua a se espalhar no Haiti e o número de casos suspeitos quase dobrou em uma semana.

Nesta quarta-feira, a entidade destacou que embora os dados apontem que 90% de todos os casos suspeitos registrados estejam concentrados no oeste do país, a expansão geográfica da doença é “notável”.

Hospitais do Haiti carecem de combustível para fornecer serviços maternos essenciais
© Unicef/Ulises Daniel Diaz Mercado
Hospitais do Haiti carecem de combustível para fornecer serviços maternos essenciais

Mais de 6,8 mil casos suspeitos

Desde a notificação dos dois primeiros casos confirmados de cólera na região de Porto Príncipe em 2 de outubro, o Ministério de Saúde Pública e População do Haiti relatou mais de 6,8 mil casos suspeitos em sete áreas do país.

Foram confirmados 653 ​​casos, mais de 5,6 mil casos suspeitos em internação e 144 óbitos registrados, segundo contagem feita no último domingo. Isso representa um aumento de 64% nos casos confirmados e 62% nas mortes em comparação com a atualização de 1º de novembro.

Na prisão de Porto Príncipe, foi registrada uma epidemia de cólera com 368 casos suspeitos até o momento, incluindo 14 casos confirmados e 14 mortes. Além disso, entre as mais de 1,5 mil amostras analisadas pelo Laboratório Nacional de Saúde Pública, 639 foram confirmadas, ou 40%.

Sequestros e confrontos de gangues

Este aumento de casos de cólera ocorre quando “sequestros e confrontos entre gangues estão aumentando, mesmo que o clima social pareça estar se acalmando”.

De acordo com o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, além dos sequestros, as mortes e deslocamentos causados ​​por confrontos entre gangues também subiram. Pelo menos 19 jornalistas também foram mortos desde o início deste ano no país.

Em geral, embora os movimentos sociais tenham diminuído em todo o país, o Ocha avalia que o Haiti continua muito afetado pela atividade de gangues, que tem sido particularmente ativa nas últimas semanas. A violência impede as viagens pelas principais rodovias nacionais do país.

OMS e Unicef entregam 14 toneladas de suprimentos essenciais

Perante esta preocupante situação humanitária e a propagação da epidemia de cólera, as Nações Unidas e os seus parceiros estão intensificando a ajuda no Haiti. A porta-voz da ONU, Stephanie Tremblay, afirmou que a Opas segue apoiando o Ministério da Saúde na vigilância epidemiológica.

O braço regional da Organização Mundial da Saúde informou que a epidemia se espalhou na semana passada para além da área metropolitana da capital Porto Príncipe e está distribuindo equipamentos médicos e produtos terapêuticos para os 20 centros de tratamento de cólera em atividade no país.

Já o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e a OMS disseram ter transportado cerca de 14 toneladas de suprimentos essenciais da Cidade do Panamá, Panamá, para Porto Príncipe para a resposta à cólera.

Além disso, o Programa Mundial de Alimentos, PMA, alcançou mais de 71 mil pessoas com diversas ajudas desde setembro, distribuindo cerca de US$ 600 mil em dinheiro e 530 toneladas de alimentos.

O PMA entregou mais de 43 mil refeições quentes para deslocados em abrigos e centros de tratamento de cólera em Porto Príncipe.