“Inovações trazem oportunidades, mas também vulnerabilidades”, afirma chefe do Comitê de Combate ao Terrorismo
Paz e segurança
Embaixadora indiana Ruchira Kamboj falou à ONU News às vésperas da reunião especial do Conselho de Segurança sobre tema; representante destaca que Estados-membros devem debater o equilíbrio e o respeito aos direitos humanos internacionais para adoção de novas tecnologias.
Às vésperas da reunião especial do Comitê de Combate ao Terrorismo do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a líder do grupo falou à ONU News sobre os objetivos da reunião e destacou que algumas das tecnologias mais recentes estão sendo usadas por grupos terroristas. O encontro de dois dias acontece em Mumbai e Nova Delhi em 28 e 29 de outubro.
Destacando o impacto na sociedade civil, a embaixadora indiana Ruchira Kamboj, afirmou que o fácil acesso, baixo custo e uso universal abriram diversas oportunidades para a humanidade, mas também deixaram usuários expostos a agendas perigosas.
Especialmente durante a pandemia, foi possível observar que os grupos terroristas aproveitaram o aumento de jovens online para espalhar propaganda e distorcer narrativas com a intenção de recrutar integrantes e levantar fundos
Terrorismo online
Ruchira Kamboj explicou que especialmente durante a pandemia, foi possível observar que os grupos terroristas aproveitaram o aumento de jovens online para espalhar propaganda e distorcer narrativas com a intenção de recrutar integrantes e levantar fundos.
Muitas inovações, como meios de pagamento digitais e as mídias sociais, se tornaram ferramentas para as organizações espalharem sus mensagens e buscar financiamento.
Além da internet, outras novidades que são utilizadas para beneficiar a sociedade, como inteligência artificial, robótica e biologia sintética, também estão sob alerta de serem utilizadas para fins terroristas.
Durante a reunião na Índia, a embaixadora espera que o debate com Estados-membros e outros especialistas do setor privado, acadêmicos e sociedade civil, levante boas práticas para detectar e prever atos terroristas, bem como levar os responsáveis à justiça e dar suporte às vítimas.
Dois lados da mesma moeda
Além de melhorar a vida humana, essas inovações também estão sendo exploradas pelos Estados-membros como ferramentas para combater o terrorismo. Ou seja, as tecnologias são as mesmas, mas usadas para fins diferentes.
Ruchira Kamboj explica que o uso dessas ferramentas para prevenir atividades terroristas podem ser muito efetivas e poderosas quando “respeitam o direito humano internacional”
Assim, ela acredita que a reunião deve ajudar os Estados-membros refletirem sobre como chegar no balanço certo.
Ela explicou que como qualquer tecnologia tem o potencial de ser mal-empregada, cada membro do Conselho de Segurança e seu comitê contraterrorismo deve estar comprometido com formas de combate que respeitem a lei e suas obrigações sob as leis internacionais.
Ataques não-tripulados
Ataques usando drones estão sendo cada vez mais frequentes em zonas de conflito, trazendo complexidade para o tema.
De acordo com a chefe do comitê, os debates no Conselho de Segurança estão dando foco nas novas tecnologias em diversas resoluções, destacando o cumprimento da lei, controle de fronteiras, segurança de aviação e proteção de infraestrutura crítica.
Ruchira Kamboj citou uma resolução votada em dezembro de 2021 sobre o tema, que aborda diversas inovações e seu potencial risco se utilizado para fins terroristas.
Nesta decisão, o Conselho destaca com preocupação o aumento global do uso de drones em ataques terroristas e reconhece a necessidade de balancear a adoção das inovações ao mesmo tempo que evita que seja mal utilizado.
* Mayra Lopes, enviada especial da ONU News à Índia.