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Na Assembleia Geral, Angola pede mais representatividade para nações africanas BR

Representante Permanente da República de Angola na ONU, Maria de Jesus Ferreira, discursa no debate geral da 77a sessão da Assembleia Geral.
UN Photo/Manuel Elias
Representante Permanente da República de Angola na ONU, Maria de Jesus Ferreira, discursa no debate geral da 77a sessão da Assembleia Geral.

Na Assembleia Geral, Angola pede mais representatividade para nações africanas

Assuntos da ONU

Embaixadora do país, Maria de Jesus Ferreira, foi a última oradora de língua portuguesa; ela pediu fim do embargo de armas sobre a República Centro-Africana e o término de restrições contra Cuba, Zimbábue e Venezuela; Angola renovou compromisso com paz e pediu mais reformas na ONU para aumentar representatividade.

O último dia do Debate Geral da 77ª sessão da Assembleia Geral teve a participação da embaixadora de Angola na ONU, Maria de Jesus Ferreira. Ela falou em nome do presidente angolano, João Lourenço, que não pôde vir ao encontro por estar em “processo de posse” após as eleições de agosto.

Maria de Jesus Ferreira afirmou que a Angola está comprometida com a defesa do multilateralismo e quer contribuir “efetivamente para a busca de soluções de consenso na resolução de crises políticas, econômicas, sociais e culturais”.

Discurso da embaixadora de Angola na Assembleia Geral da ONU

Compromisso com a paz africana

Ela citou a atuação do país para colaborar com a construção da paz e estabilidade no continente africano, destacando a busca de uma saída pacífica do conflito na República Centro-Africana, bem como na questão entre Ruanda e a República Democrática do Congo.

Segundo a embaixadora, por sua atuação, Angola foi reconhecida como “Campeão da União Africana para a Paz e Reconciliação”.

Maria de Jesus Ferreira argumentou que os países sejam capazes de criar sua defesa “contra ameaças externas, equipando às suas Forças Armadas com homens, armas e equipamentos que atendam às necessidades nacionais”. Assim, ela fez um apelo pelo levantamento do embargo de armas imposto à República Centro-Africana.

A representante angolana também pediu o fim do embargo econômico a Cuba e das sanções ao Zimbábue, Venezuela e “outros sem mandato no Conselho de Segurança.” Maria de Jesus Ferreira afirmou que seu país defende a solução de conflitos pelo “diálogo e respeito do Direito Internacional”.

De acordo com a embaixadora, as restrições impostas as nações têm dificultado a erradicação da pobreza e a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, além de violar “os princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional público e humanitário”.

Reforma do Conselho de Segurança

Assim como diversas nações, Maria de Jesus Ferreira citou em seu discurso a reforma do Conselho de Segurança. Para ela, os avanços “continuam a não produzir os resultados aguardados pela esmagadora maioria dos Estados-membros”.

A embaixadora advogou por uma representação mais equitativa no órgão, capaz de “respeitar a atual configuração das Nações Unidas”.

Ela ainda afirmou que o Consenso de Ezulwini e a Declaração de Sirte, documentos com sugestões para ampliar a representação africana na ONU, apresentam “aspirações legítimas” para “corrigir a injustiça histórica que a região vive com a sua ausência do centro de decisão de um dos principais órgãos” das Nações Unidas.

Mercado em Luanda, Angola
FAO/ C. Marinheiro
Mercado em Luanda, Angola

Desenvolvimento Sustentável

No final de seu discurso, Maria de Jesus Ferreira reafirmou o compromisso do país com a Agenda 2063 da União Africana sobre o meio ambiente e pretende atingir a “meta de 70% de energia de fontes não poluentes até 2025, privilegiando energias limpas de barragens hidroelétricas e solar”.

Ela encerrou sua participação anunciando de Luanda será sede da 10ª Cimeira da Organização dos Estados da África, Caraíbas e Pacifico, de 6 a 10 de Dezembro de 2022.

Segundo a embaixadora de Angola, o evento tem o objetivo de buscar o engajamento necessário para enfrentar desafios “cada vez mais complexos”.