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Moçambique defende aposta global no uso sustentável dos mares BR

Reserva Quirimbas em Moçambique.
Unesco/Reserva da Biosfera das Quirimbas, Moçambique
Reserva Quirimbas em Moçambique.

Moçambique defende aposta global no uso sustentável dos mares

ODS

Oceanos fazem parte do cotidiano de 40% da população do país; em vésperas da Conferência da ONU sobre Oceanos, ministra moçambicana dos Negócios Estrangeiros destaca que participação e contribuição nacional nas discussões sobre o tema lembrará a responsabilidade global. 

O litoral de Moçambique tem uma extensão de cerca de 2,7km e é banhado pelo Índico, o terceiro maior oceano do mundo. Para o país de língua portuguesa, na África, a proteção, a responsabilidade e o uso sustentável de recursos de mares é uma questão também de sobrevivência.

Neste 27 de junho, dezenas de líderes internacionais e um total de 12 mil pessoas são esperadas em Lisboa, Portugal, para discutir a proteção dos oceanos em nível global.

Consequências 

A ministra dos Negócios Estrangeiros de Moçambique, Verónica Macamo, falou à ONU News sobre o que espera do encontro.

Cerca de 40% da população moçambicana tem contacto com o mar no dia a dia
Foto: © Ocean Image Bank/Gaby Barathieu
Cerca de 40% da população moçambicana tem contacto com o mar no dia a dia

 

“A nossa costa é enorme. Para nós, é muito importante porque a conferência vai se dedicar à proteção de oceanos e mares. Mas também vai se dedicar ao debate da exploração ou uso sustentável dos recursos marinhos. É a economia azul. É importante que estejamos lá. Nós vamos estar lá. Nós pensamos que essa iniciativa, que junta Quénia e Portugal, é muito louvável. O último Crescendo Azul foi em Moçambique e para nós é irmos participar e continuarmos a contribuir. É importante olharmos para os oceanos com muita responsabilidade. Oceanos e mares. Mas também temos que explorar a pensar no amanhã. Mas a pensarmos na consequência de uma exploração não cuidada e não regrada.”

A conferência global Crescendo Azul aconteceu em Moçambique em novembro passado. O evento juntou pelo menos 1,4 mil participantes presenciais e online falando sobre investimentos no futuro do planeta. 

O foco foi em questões de mares enfatizando o desenvolvimento da economia, na troca de experiências e conhecimentos sobre a matéria. 

Clima

Um tema que preocupa as autoridades moçambicanas é o aquecimento de oceanos como efeito das alterações do clima.  O país vem sendo alvo de tempestades extremas, um fenômeno que mais do que duplicou em África nos últimos 50 anos.

Tempestades extremas mais do que duplicaram nos últimos 50 anos no continente africano
Manahas Farquhar Matthew Morgan
Tempestades extremas mais do que duplicaram nos últimos 50 anos no continente africano

“Nós estamos preocupados com as mudanças climáticas. Aliás, um dos nossos propósitos, e uma das nossas agendas, é que efetivamente as Nações Unidas tenham que tratar desse problema de mudanças climáticas com muita responsabilidade. Conjugar os esforços e darmos uma resposta à altura, incluindo a proteção da biodiversidade. Temos que garantir um mundo para hoje e para amanhã e para gerações vindouras. Nós estamos com esse problema e precisamos de olhar para as mudanças climáticas com muita seriedade.”

A zona costeira cobre 10 das 11 províncias moçambicanas. Cerca de 40% da população do país tem contacto com o mar no dia a dia.

Além de preservação dos recursos marítimos para a sobrevivência, a Conferência dos Oceanos debaterá a conservação do que é considerado um elemento essencial para a regulação climática, produção de alimentos, geração de empregos e progresso econômico.