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Financiamento global deve favorecer países em desenvolvimento, diz vice-chefe da ONU BR

Amina Mohammed lançou o relatório Financiamento para o Desenvolvimento Sustentável 2022
UN Photo/Eskinder Debebe
Amina Mohammed lançou o relatório Financiamento para o Desenvolvimento Sustentável 2022

Financiamento global deve favorecer países em desenvolvimento, diz vice-chefe da ONU

ODS

Subsecretária-geral das Nações Unidas, Amina Mohammed, destaca importância de financiamento em áreas-chave para o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável; recuperação da Covid-19 é agravada pela combinação de crises sanitária, climática, e de paz e segurança.

A vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, lançou o relatório Financiamento para o Desenvolvimento Sustentável 2022 durante uma entrevista a correspondentes em Nova Iorque, nesta terça-feira.

Para ela, a falta de investimento dificulta a recuperação da pandemia para os países em desenvolvimento. A vice-chefe da ONU afirmou que a guerra na Ucrânia agrava ainda mais a retomada econômica.

Vice-secretária-geral das Nações Unidas, Amina Mohammed, faz viagem para a América Central
MGI Summit
Vice-secretária-geral das Nações Unidas, Amina Mohammed, faz viagem para a América Central

ODS

Amina Mohammed destaca que como resultado da falta de investimentos, muitos países em desenvolvimento precisaram cortar gastos em áreas críticas para o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, como proteção social, saúde, educação e criação de empregos.

Segundo a vice-secretária-geral da ONU, o atual sistema global favorece os países ricos e negligência a necessidade de nações com rendas menores. Ela citou as consequências guerra na Ucrânia que já afeta a vida de 1,7 bilhão de pessoas.

Mohammed também falou do crescimento da vulnerabilidade desses países, que terão menos habilidade de gerenciarem crises futuras, aumentando as chances de instabilidades.

Mesmo elogiando iniciativas e o financiamento de políticas para retomada econômica pós-pandemia, a vice-líder da ONU afirma que é necessário fazer mais para fechar a lacuna de recuperação entre nações de alta e baixa rendas.

Existem 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ou ODSs, interligados
ECA
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Recomendações

Amina Mohammed apresentou duas frentes de recomendações para mitigar a situação. Primeiro, que a comunidade internacional contribua com o financiamento equilibrado para aliviar o risco de aumento de dívidas, liberando recursos para investimento em ação climática e os ODS

Segundo ela, seria uma “tragédia” que doadores aumentassem os investimentos militares no lugar de atuarem em frentes sociais e climáticas.

A outra recomendação é que os investimentos estejam alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e à retomada econômica considerando o aumento de riscos climáticos.

Mohammed citou o fortalecimento de sistemas de informação e de geração de dados que ajudaria no planejamento de políticas públicas, incluindo o gerenciamento de riscos, aliviando os custos de empréstimos.

Inovação pode aumentar riscos à segurança no trabalho
© OIT/Jean‐Pierre Pellissier
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Dados

De acordo com o relatório, mais 77 milhões de pessoas mergulharam na pobreza no ano passado, enquanto as economias de alta renda estão caminhando para voltar aos níveis anteriores a 2019, apenas um em cada 5 países em desenvolvimento se recuperou.

Outro destaque é que 70% das crianças de 10 anos em países em desenvolvimento não conseguiam ler um texto básico, um aumento de 17% em relação a 2019. 

Sobre a desigualdade no acesso às vacinas, o estudo aponta que países em desenvolvimento só têm doses suficientes para 24 em 100 pessoas, enquanto sobram imunizantes nos países ricos.

A riqueza das 10 pessoas mais ricas do mundo dobrou ao longo da pandemia, enquanto a renda média das pessoas nos 40% mais pobres caiu 7%.

O relatório diz que a guerra na Ucrânia deve agravar os problemas nos países em desenvolvimento.

Por exemplo, a África importa 48% de seu trigo da Ucrânia e da Federação Russa, e com preços de alimentos e combustíveis já entre 35% e 60% mais altos no último ano, a pressão sobre as economias pode ser arrasadora.