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OMS alerta sobre desigualdades no acesso ao tratamento contra câncer infantil BR

Câncer é uma das principais causas de morte de crianças e adolescentes em todo o mundo.
Unsplash/NCI
Câncer é uma das principais causas de morte de crianças e adolescentes em todo o mundo.

OMS alerta sobre desigualdades no acesso ao tratamento contra câncer infantil

Saúde

No Dia Internacional do Câncer Infantil, agência destaca que 80% dos casos entre crianças podem ser curados; globalmente, 400 mil menores são diagnosticados com todos os anos; países de baixa renda sofrem com desigualdade no acesso ao tratamento.

No Dia Internacional do Câncer Infantil, a Organização Mundial da Saúde, OMS, destaca as desigualdades no acesso ao tratamento da doença pelo mundo.

Dados da agência apontam que, anualmente, 400 mil crianças e adolescentes de até 19 anos são diagnosticados com a doença. Os tipos mais comuns são leucemias, cânceres cerebrais, linfomas e tumores sólidos.

Todos os anos, 400 mil crianças desenvolvem câncer. A maioria em países pobres e sem acesso a tratamento
Aiea
Todos os anos, 400 mil crianças desenvolvem câncer. A maioria em países pobres e sem acesso a tratamento

Cura

Em países de alta renda, onde há serviços acessíveis, mais de 80% das crianças com câncer são curadas. Já em nações de baixa e média rendas, o número cai para 30%.

De acordo com dados da agência, um enorme progresso na sobrevivência ao câncer infantil foi feito nas últimas décadas. A maioria pode ser curada com medicamentos e tratamento, incluindo cirurgia e radioterapia.

No entanto, estudos feitos pelo Escritório Regional da OMS na Europa mostram que há importantes lacunas no acesso ao tratamento e atendimento de pacientes jovens. 

O relatório detalha que a taxa de sobrevida global aumentou nas últimas seis décadas, graças a novos medicamentos, diagnóstico precoce e acesso a cuidados. 

No entanto, esse progresso não aconteceu em todo o continente. A diretora técnica sênior da OMS na Europa, Marilys Corbex, explica que a taxa de mortalidade varia de 9% a 57%. 

Para ela, essa diferença escancara as desigualdades entre a população mais jovem e vulnerável. No estudo, foram avaliados mais de 50 países da Islândia ao Quirguistão. 

Menina de dois anos com câncer em um hospital em Gana. Quase 90% das crianças com câncer vivem em países de rendas baixa e média
OMS/Ernest Ankomah
Menina de dois anos com câncer em um hospital em Gana. Quase 90% das crianças com câncer vivem em países de rendas baixa e média

Américas

A Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, destaca que a sobrevida média é de 55%. Os dados divulgados apontam que o câncer é a segunda causa de morte em pessoas de até 19 anos na região, que registra cerca de 29 mil casos por ano. 

O diretor de doenças crônicas e saúde mental da Opas, Anselm Hennis, afirma que a maioria das crianças com câncer vive em países de baixa e média rendas. 

Nesses locais, há desigualdades desde a detecção precoce até o acesso a tratamento de qualidade e cuidados paliativos.  A Opas está promovendo uma iniciativa para dobrar a taxa global de cura do câncer infantil para 60% até 2030.

Atualmente, 13 países latino-americanos participam do projeto com planos nacionais de câncer infantil e maior acesso ao diagnóstico e tratamento, com assistência técnica da Opas.

Falta de diagnóstico

As mortes evitáveis por câncer infantil em países de média e baixa rendas são o resultado da falta ou imprecisão de diagnóstico, obstáculos ao acesso aos cuidados, abandono do tratamento, toxicidade e recaída.

Apenas 29% dos países de baixa renda relatam que os medicamentos contra o câncer são disponibilizados para suas populações, em comparação com 96% das nações de alta renda. 

A OMS afirma que os dados disponíveis sobre o câncer infantil são necessários para impulsionar melhorias contínuas na qualidade do atendimento e para informar as decisões políticas.