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100 anos depois, 50% dos diabéticos ainda enfrentam barreiras no acesso à insulina BR

Pacientes testando niveis de glucose. Diabetes é uma das doenças crônicas que tornam uma pessoa mais vulnerável a formas graves da Covid-19
Opas
Pacientes testando niveis de glucose. Diabetes é uma das doenças crônicas que tornam uma pessoa mais vulnerável a formas graves da Covid-19

100 anos depois, 50% dos diabéticos ainda enfrentam barreiras no acesso à insulina

Saúde

Segundo a OMS, poucos produtores dominam o mercado e sistemas de saúde fracos prejudicam tratamento dos pacientes; hormônio é essencial para reduzir riscos de falha nos rins, cegueira e até amputação de membros do corpo. 

O mundo tem cerca de 60 milhões de pessoas com diabetes do tipo 2, que precisam de insulina, mas uma entre duas não tem acesso a este tratamento tão essencial. Em um novo estudo, a Organização Mundial da Saúde revela que “preço alto, pouca disponibilidade e poucos produtores dominando este mercado” são as principais barreiras ao acesso universal.  

Outro fator prejudicial aos pacientes são as falhas nos sistemas públicos de saúde. O diretor-geral da OMS lembra que “os cientistas que descobriram a insulina há 100 anos se recusaram a lucrar com o feito e venderam a patente por apenas um dólar”. 

3 empresas controlam o mercado

Paciente diabético na Nigéria precisou ter o pé amputado.
Foto: WHO/A. Esiebo
Paciente diabético na Nigéria precisou ter o pé amputado.

Mas segundo Tedros Ghebreyesus, “infelizmente o gesto de solidariedade foi ofuscado por uma indústria multibilionária, que criou várias lacunas” no acesso à insulina. 

Ele explica que a OMS trabalha com países e fabricantes para expandir o acesso a um medicamento que pode salvar vidas. Mas apenas três multinacionais controlam mais de 90% do mercado da insulina.  

Cerca de 9 milhões de pessoas com diabetes do tipo 1, que precisam da insulina, conseguem ter uma vida normal. Com a insulina e sem o hormônio, a doença poderia ser fatal. 

Já 60 milhões de pessoas no mundo com diabetes do tipo 2 têm na insulina um aliado para reduzir riscos de falhas nos rins, cegueira e até amputação de membros do corpo.  

Recomendações da OMS 

Raghad vive em campo de refugiados na Jordânia e tem diabetes tipo 1.
Foto: WHO/T. Habjouqa
Raghad vive em campo de refugiados na Jordânia e tem diabetes tipo 1.

O relatório da OMS revela também que três entre quatro pessoas vivendo com diabetes do tipo 2 estão fora da Europa e da América do Norte, mas representam menos de 40% das receitas com a venda da insulina.  

O documento é divulgado nesta sexta-feira para marcar o aniversário de 100 anos da descoberta da insulina e também o Dia Mundial da Diabetes, no domingo, 14 de novembro.  

No relatório, a OMS faz uma série de recomendações para ampliar o acesso: acelerar a produção, diversificando a base manufatureira; regulamentar os preços e o mercado produtor e promovendo a transparência nos preços; garantir que a ampliação no acesso à insulina é acompanhada de um diagnóstico rápido, aumentando ainda o acesso a aparelhos para medir os níveis de açúcar no sangue e para injetar a insulina.  

A agência da ONU afirma que já foram realizados nos últimos meses vários diálogos com empresas e fabricantes, sendo que a indústria se comprometeu com algumas ações, incluindo o desenvolvimento de uma política para melhorar o acesso à insulina biossimilar.