Unctad pede que países em desenvolvimento priorizem políticas de adaptação ao clima
Grupo de economias é o mais afetado nas perdas econômicas relacionadas a desastres climáticos; estudo sugere investimento em ações de prevenção; agência propõe ainda que financiamento deve continuar subindo com o aumento na temperatura global.
A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, divulgou um estudo que apela para uma abordagem transformadora na adaptação climática, especialmente nos países em desenvolvimento.
A agência da ONU recomenda a implementação de programas de investimento público em grande escala para se moldar às ameaças futuras e atuais, assim como políticas industriais verdes para impulsionar o crescimento e a criação de empregos.

Impactos da mudança climática
A Unctad lembrou que este foi um ano de eventos climáticos extremos, com ondas de calor mais intensas, ciclones tropicais mais fortes, secas prolongadas e a elevação contínua do nível do mar.
Assim, os efeitos começam a trazer danos econômicos e sofrimento humano cada vez maiores, sobretudo em países do Hemisfério Sul, de acordo com o estudo.
A secretária-geral da entidade, Rebeca Grynspan, afirmou que o relatório demonstra que ações para a adaptação exigirão uma abordagem proativa e estratégica.
Ela adiciona que os governos dos países em desenvolvimento precisam de política adequada e espaço fiscal para mobilizar financiamento público em grande escala.
De acordo com a chefe da Unctad, essa é a melhor recomendação para que seja possível enfrentar as ameaças climáticas futuras e garantir que esses investimentos complementem as metas de desenvolvimento.

Mitigação e adaptação
As sugestões do estudo também reforçam que a agenda de adaptação não pode ficar atrás das iniciativas de mitigação, que geralmente concentram as discussões.
A agência avalia que o foco se revela “míope e cada vez mais caro”, especialmente para o mundo em desenvolvimento, onde os choques climáticos estão prejudicando as perspectivas de crescimento e forçando os governos a desviar recursos escassos de investimentos produtivos.
Segundo os dados, os custos de adaptação para o grupo de países dobraram na última década, como resultado da pouca ação contra a mudança climática.
Os resultados apontam também que os valores devem aumentar com a subida das temperaturas, atingindo US$ 300 bilhões em 2030 e US$ 500 bilhões em 2050.

Desenvolvimento
A entidade recomenda o fortalecimento de resiliência a choques em todos os níveis de desenvolvimento, melhorando a coleta de dados e técnicas de avaliação de risco.
Assim, seria possível proteger ativos existentes e fornecer apoio financeiro temporário se necessário.
O relatório também argumenta que a adaptação exige planejamento, reforçando o papel dos governos como a melhor plataforma de preparação para os impactos climáticos.
De acordo com diretor da divisão de estratégias de globalização e desenvolvimento da Unctad, Richard Kozul-Wright, o esforço político para lidar com a adaptação climática devem estar conectados com o desenvolvimento para ter um impacto sustentável e significativo.

Ações
As principais ações sugeridas pelo relatório focam em diferentes frentes, ligadas a investimento em iniciativas que foquem em baixas emissões de carbono e energias renováveis, assim como política industrial mais sustentável.
O relatório também fala em adoção de práticas mais ecológicas na agricultura, melhorando a segurança alimentar e assegurando a renda, principalmente de pequenos produtores, e diversificação de commodities primárias.