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Jornalistas sob risco no Afeganistão precisam de proteção internacional BR

Estudo revela que 90% de casos de assassinato de jornalistas seguem sem solução
Unama/Fardin Waezi
Estudo revela que 90% de casos de assassinato de jornalistas seguem sem solução

Jornalistas sob risco no Afeganistão precisam de proteção internacional

Direitos humanos

Apelo de relatores de direitos humanos da ONU dirige-se a todos os países; Acnur chama a atenção para crise interna de deslocados com 600 mil afegãos desalojados, sendo 80% mulheres e crianças.   

 

Um grupo de especialistas da ONU em direitos humanos* está pedindo a todos os países para “fornecerem proteção urgente aos jornalistas e trabalhadores da mídia no Afeganistão”. 

Os profissionais temem por suas vidas e buscam segurança fora do país. Os especialistas destacam que jornalistas, em especial as mulheres, estão correndo mais riscos desde que o Talibã tomou o controle político do país, em 15 de agosto.  

Pai e filha em um campo para deslocados no Afeganistão
© Unicef Afghanistan
Pai e filha em um campo para deslocados no Afeganistão

Vistos 

Nesta sexta-feira, os relatores divulgaram um comunicado pedindo ações fortes e rápidas “para proteger os jornalistas afegãos que enfrentam perseguição”. 

Eles disseram que os países devem conceder vistos, manter fronteiras abertas e ajudar na retirada dos profissionais que querem partir. O grupo cita várias resoluções sobre proteção adotadas nos últimos anos pelo Conselho de Direitos Humanos. 

Os relatores mencionam que nas áreas controladas pelo Talibã, estão ocorrendo assassinatos de profissionais da mídia ou dos seus parentes, invasões nos domicílios, ameaças e intimidações.

Jornalistas em Cabul em evento sobre liberdade de expressão ocorrido em 2019
Foto Unama: Fardin Waezi
Jornalistas em Cabul em evento sobre liberdade de expressão ocorrido em 2019

Investigação 

Segundo o grupo, o Afeganistão já era considerado um dos países mais perigosos do mundo para a prática do jornalismo. Os relatores querem que o Conselho de Direitos Humanos crie um mecanismo de investigação e monitoramento de todas as violações de direitos no país.  

Segundo eles, a resolução adotada pelo órgão na semana passada não menciona riscos enfrentados por jornalistas e defensores de direitos humanos no Afeganistão.  

Também nesta sexta-feira, a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, falou da iminência de uma crise humanitária e das incertezas sobre a situação dos afegãos que buscam abrigo nas fronteiras.  

Para o Acnur, “a realidade é que a crise de deslocados está acontecendo dentro do país”, com mais de 600 mil afegãos desalojados, sendo 80% mulheres e crianças.  

A ONU tem ajudado as famílias de deslocados internos no Afeganistão
Foto: IOM/Mohammed Muse
A ONU tem ajudado as famílias de deslocados internos no Afeganistão

Cruzamento de fronteiras  

O porta-voz do Acnur, Babar Baloch, está no Paquistão e fez um apelo ao mundo para não permitir que a situação “se torne uma catástrofe humanitária”.  

Segundo ele, apesar de os afegãos poderem cruzar as fronteiras com o Paquistão com apenas a carteira de identidade ou visto, não se vê um grande movimento na região.  

Baloch desconfia que alguns afegãos podem achar que não têm os documentos necessários ou estão com medo de enfrentar guardar armados nas fronteiras. 

*Os relatores especiais de direitos humanos trabalham de forma independente e voluntária e não recebem salário pelo trabalho.