
Semana Mundial da Água busca consensos para equilibrar acesso ao recurso
Chefe da Parceria Global sobre Saneamento e Água para Todos, Catarina de Albuquerque defende mais fundos para ação climática e para aumentar segurança hídrica; ONU estima que mais de 40% da população global não têm acesso ao recurso.
O mundo celebra até 27 de agosto a Semana Mundial da Água com eventos virtuais sob o lema “Construindo Resiliência Mais Rápida”.
A ONU coloca em foco as possíveis soluções para abordar os desafios mundiais relacionados ao recurso. O destaque vai para temas como crise climática, escassez hídrica, segurança alimentar, saúde, biodiversidade e impactos da pandemia.
Decisores
Falando em exclusivo à ONU News, a diretora-executiva da Parceria Global sobre Saneamento e Água para Todos, Catarina de Albuquerque, disse que o mundo continua buscando um acordo para resolver os temas sobre a água.

“Podemos esperar pedradas no charco. Podemos esperar não só intervenções por parte de decisores políticos ao mais alto nível. Acabei de ouvir a secretária-geral-adjunta das Nações Unidas a falar sobre a importância de integrar o clima em todas as políticas relativas ao acesso à água e saneamento porque, por causa do clima e das alterações climáticas, temos grandes partes do mundo com água a mais ou água a menos. E sem água não há vida, e com água a mais também não. Portanto aquilo que podemos fazer são trocas, aprendizagem entre diferentes atores e decisores políticos. Temos participantes de mais de 150 países para discutir todos estes temas e para chegar a consensos, acordos, trocas de experiências e de informação.”
Para esta década, a ONU implementa o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 6, ODS6, prevendo promover o acesso à água potável e ao saneamento para todos.
Temperaturas
A escassez do recurso afeta mais de 40% da população mundial, um número que provavelmente aumentará à medida que as temperaturas globais forem subindo com a mudança climática.
Este fator, combinado ao aumento das secas e da desertificação, deve fazer com que pelo menos um quarto dos habitantes do planeta seja afetado pela falta recorrente de água até 2050.
Albuquerque, que foi a primeira relatora da ONU sobre direitos humanos à água e ao saneamento, destaca que esta é uma situação cuja solução requer uma maior mobilização de fundos.
Agenda
“Temos bastantes, milhares de cientistas, organizações da sociedade civil, o setor privado e, como eu dizia, também governos. Da parte da nossa parceria que como sabe tem o secretariado junto das Nações Unidas, vamos ter várias funções uma das quais precisamente sobre financiamento para o clima e para a água. E vamos ter também sessões sobre saúde, Covid, clima e água.”
Durante o período, a comunidade internacional terá na mira a preparação do segundo grande evento global juntando diferentes envolvidos na área e reforçar a agenda da água daqui a mais dois anos.

“Também estamos a organizar com o Governo do Tajiquistão e o Governo da Holanda uma sessão sobre a conferência das Nações Unidas sobre a Água que terá lugar em 2023. Portanto, eu diria que esta sessão da Semana Mundial da Água também é um tubo de ensaio que nos ajuda a preparar e a trocar ideias para depois podermos arregaçar as mangas e implementar as medidas necessárias e indispensáveis para que todos e todas possamos viver no mundo em o acesso à água, ao saneamento e à higiene é uma realidade.”
Perigo
Novos dados sobre o ODS6, lançados esta semana, realçam que demandas não regulamentadas por recursos hídricos podem impedir que mais de 5 bilhões de pessoas tenham acesso à água doce até 2050.
Já o Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres alertou que o abastecimento de água e os rios do mundo estão em grande perigo com os incêndios florestais que continuem aumentando à medida que o clima altera.