Perspectiva Global Reportagens Humanas
Kodi Moumdau, de 23 anos, está se recuperando da operação de fístula obstétrica em clínica financiada pelo Unfpa em Niamey, Níger

ONU marca neste 23 de maio Dia Internacional pelo Fim da Fístula Obstétrica  BR

Unfpa/Ollivier Girard
Kodi Moumdau, de 23 anos, está se recuperando da operação de fístula obstétrica em clínica financiada pelo Unfpa em Niamey, Níger

ONU marca neste 23 de maio Dia Internacional pelo Fim da Fístula Obstétrica 

Direitos humanos

Alta de casos pode ser efeito de suspensão de tratamento em hospitais, desvio de recursos para tratar pandemia e taxas elevadas de casamentos infantis; entre 50 mil e 100 mil mulheres desenvolvem a condição a cada ano. 

As Nações Unidas realizam diversas atividades pelo mundo para marcar o Dia Internacional pelo Fim da Fístula Obstétrica.  

Este ano, o 23 de maio é assinalado sob o lema “Os direitos das mulheres são direitos humanos! Fim da fístula agora!” 

Isolamento social 

Entre 2 milhões e 3 milhões de meninas e mulheres sofrem da condição evitável principalmente em regiões como África Subsaariana, Ásia, mundo árabe e América Latina e Caribe.  

Unfpa apoiou cerca de 120 mil intervenções cirúrgicas de reparação
Unfpa Tanzania/Bright Warren
Unfpa apoiou cerca de 120 mil intervenções cirúrgicas de reparação

 

As pacientes sofrem de incontinência urinária constante, que se não for tratada muitas vezes leva ao isolamento social, infecções de pele, doenças renais e até a morte. 

Cerca de US$ 600 é o custo do tratamento individual, que pode reparar a lesão com taxas de sucesso de até 90% em casos menos complexos. O valor cobre cuidados com cirurgia, pós-operatório e apoio à reabilitação. 

A Organização Mundial da Saúde, OMS, ressalta que as dificuldades em estimar o número exato de vítimas estão relacionadas à falta de compromisso de se enfrentar e resolver do problema.  

A agência defende que haja maior consciência nos sistemas de saúde num mundo onde até 100 mil mulheres desenvolvem a fístula obstétrica por ano. 

O Fundo da ONU para a População, Unfpa, apoia a Campanha para Acabar com a Fístula. Presente em mais de 55 países, a iniciativa atua em áreas como  prevenção, tratamento e reabilitação. 

Jovens  

A agência ressalta que corpos de jovens que não estão prontas para a gravidez e o parto, em caso de casamento infantil ou gravidez indesejada, são especialmente vulneráveis.  

OMS quer maior consciência nos sistemas de saúde para combater a fístula obstétrica
Unfpa/Yemen
OMS quer maior consciência nos sistemas de saúde para combater a fístula obstétrica

 

Em momento de pandemia, o problema piorou com a alta taxa de casamentos infantis que violam a autonomia feminina sobre o corpo e interrupções em serviços de planejamento familiar, saúde sexual e reprodutiva além de desequilíbrios nos sistemas de saúde. 

A Unfpa defende a melhora nesses cuidados, incluindo serviços de parteiras qualificadas e atendimento obstétrico de emergência. A agência disse ter apoiado cerca de 120 mil intervenções cirúrgicas de reparação das vítimas.  

Casamentos infantis 

Um manual atualizado lançado pelo fundo oferece orientação aos usuários para que seja possível alcançar a saúde, a igualdade de gênero e os direitos humanos para todos. 

Os serviços de reparação das fístulas sofreram suspensos por serem considerados não urgentes e os hospitais desviaram recursos para cuidar de pacientes com o coronavírus. 

Com o esperado aumento de 13 milhões de casamentos infantis até 2030, aliado aos efeitos econômicos da pandemia, projeta-se um aumento de casos. Por isso, a ONU defende novas estratégias no pós-Covid-19 para a solução do problema. 

A jornada de uma sobrevivente de fístula obstétrica em Moçambique