Banco Mundial e Sebrae-SP analisam impacto da pandemia sobre empresas lideradas por mulheres
Estudo mostra que empreendedoras tiveram maior perda de faturamento, mas ainda assim evitaram demitir; elas estiveram mais propensas a adotar protocolos de saúde.
Um novo estudo do Banco Mundial avalia o impacto da Covid-19 nos empreendimentos liderados por mulheres no Brasil.
O relatório, em parceria com o Sebrae São Paulo, analisa os dados de 1.677 micro e pequenas empresas no estado.

Faturamento
Duas rodadas iniciais de coletas de dados, uma em junho e outra em julho, mostraram que os empreendimentos das mulheres tiveram 59% de perda média no faturamento, contra 50% nas empresas lideradas por homens.
Apesar do maior impacto negativo no faturamento, as empresas delas demitiram na mesma proporção que as dos homens. Em termos de emprego, os dados sugerem que, se as companhias tinham cerca de cinco funcionários antes de março, em junho passaram a ter apenas dois.
Essa proporção igual de demissões sugere que as empresárias foram mais resilientes e evitaram repassar as perdas no faturamento aos funcionários.

Políticas públicas
O estudo também revela que as empresas femininas têm maior probabilidade de adotar protocolos recomendados pelas autoridades de saúde. Comparadas às dos homens, a diferença é de 6 pontos percentuais.
As mulheres ainda mostraram maior probabilidade de aderir às políticas públicas para mitigar os efeitos da crise, principalmente flexibilização de contratos de trabalho. A diferença em relação aos homens foi de 8 pontos percentuais.
Estima-se que o empreendedorismo feminino movimente o equivalente a 9% do PIB brasileiro. Por isso, os autores do estudo consideram o setor vital para a retomada econômica pós-pandemia.

A economista Caroline Nogueira, do Banco Mundial, diz que os resultados do estudo revelam características femininas que influenciam na sobrevivência dos negócios durante a crise.
Estilo próprio
“Esses dados sugerem que as mulheres têm um estilo de gestão próprio e que características como as habilidades socioemocionais e a qualidade das práticas de gestão que elas adotam podem ser muito importantes no desempenho desses pequenos negócios e fundamentais inclusive para a retomada econômica.”
O estudo terá mais duas rodadas de pesquisa até ser concluído.
Desde já, os autores apontam que empreendimentos liderados por mulheres têm características e necessidades específicas.
E elas precisam ser levadas em conta no desenho de políticas públicas de apoio a essas empresas. Além disso, será necessário seguir acompanhando os efeitos da crise sobre elas.
Apresentação: Mariana Ceratti, do Banco Mundial Brasil