Guterres realça multilateralismo na promoção de soluções para um mundo em crise BR

Secretário-geral falou a jornalistas à véspera do aniversário de 75 anos da Carta da ONU, firmada em 26 de junho de 1945; ele disse que vê “mundo em turbulência” com Covid-19, mudança climática, injustiças raciais, desigualdades e outros desafios.
O secretário-geral da ONU disse que os líderes internacionais devem se unir “para reinventarem e repensarem” um mundo compartilhado. António Guterres falou a jornalistas, em Nova Iorque, à véspera do 75º aniversário da adoção da Carta das Nações Unidas, marcado neste 26 de junho.
Ele afirmou que se vive “um momento de revolta e riscos globais colossais” e mencionou temas como Covid-19, alterações climáticas, injustiça racial e crescente desigualdade, que realçam um “mundo em turbulência”.
O secretário-geral destacou, ao mesmo tempo, uma comunidade internacional com “uma visão duradoura que leve a um futuro melhor” de uma forma integrada na Carta da ONU. Em 1945, o documento que fundou as Nações Unidas, foi assinado na Conferência de São Francisco.
Guterres falou da adoção da Carta e do futuro, dizendo que é preciso reconfigurar a maneira como as nações cooperam. Ele propôs, em primeiro lugar, um multilateralismo em rede que “reúna entidades regionais do sistema da ONU, instituições financeiras internacionais e outras”.
Em segundo lugar, sugeriu um multilateralismo inclusivo com contribuições de setores como sociedade, empresas, cidades, regiões e maior protagonismo dado aos jovens.
O líder das Nações Unidas defendeu ainda um multilateralismo eficaz, que atue como um instrumento de governança global e, por fim, um multilateralismo que possa enfrentar tanto desafios imediatos como influenciar futuras gerações.
O secretário-geral afirma que entende o desafio de um mundo cada vez mais interdependente, onde interesses nacionais não se separam facilmente dos globais. Mas destacou que haja maior partilha em temas como valores, responsabilidade, soberania e progresso que devem guiar os objetivos nacionais.
Guterres reconheceu ainda que é difícil ter uma transformação significativa dos mecanismos de governança global, sem a participação ativa das potências mundiais. Ele realçou que as relações internacionais nunca foram “tão disfuncionais” como atualmente.
Mas disse acreditar num despertar após se reconhecer as fragilidades compartilhadas e depois de os atuais fatores de divisão começarem fazer entender “que divisão é um perigo para todos”.
Para Guterres, a Carta da ONU ainda aponta o caminho a seguir. Ele revelou que a ação das Nações Unidas em décadas, e em grande parte pela resposta à Covid-19, revelam uma solidariedade e unidade que podem ser a base para seguir avançando.
O chefe das Nações Unidas comentou as respostas à pesquisa sobre a ONU aos 75 anos, ONU75, dizendo que elas mostram clareza sobre as prioridades em tempo de pandemia e além da Covid-19: o acesso universal aos cuidados de saúde, o reforço da solidariedade entre povos e nações e o repensar a economia global.
No estudo sobre as perspectivas da organização participaram mais de 230 mil pessoas dos 193 Estados-membros das Nações Unidas e observadores.
A ONU pediu ideias e propostas e escolheu ouvir as opiniões de todo.