Guterres diz que “é hora de mudança” em Fórum da Juventude Lisboa + 21
Chefe das Nações Unidas discursou no encerramento da Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude 2019 e o Fórum da Juventude Lisboa + 21; secretário-geral afirmou que a sua “geração está começando a entender que os jovens podem e devem liderar.”
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse este domingo que “é hora de mudança” na forma como a organização lida com os jovens.
O chefe das Nações Unidas discursou no encerramento da Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude 2019 e o Fórum da Juventude Lisboa + 21, que aconteceu em Lisboa sábado e domingo.
Mudança
Guterres disse que “a ONU foi criada numa época muito diferente da atual” e que “tem uma estrutura hierarquizada que é, normalmente, avessa a evoluções”, mas isso deve mudar.
“Queremos trabalhar convosco no acesso à educação e à saúde; sobre as questões do emprego e da formação; sobre direitos humanos; e sobre como promover o pleno envolvimento da juventude nos processos decisórios sobre estas matérias a nível local, nacional e global.”
Dirigindo-se aos enviados presentes, o secretário-geral encorajou a que “continuem a traçar metas ambiciosas e a testar limites” e afirmou: “Conto com a vossa liderança e com o vosso apoio.”
Oportunidade
Guterres lembrou também a Declaração de Lisboa sobre Políticas e Programas para a Juventude.
Em agosto de 1998, na véspera do século 21, vários compromissos relativos a estes domínios políticos foram definidos nessa declaração. Essa fase resultou na I Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude, organizada pelo governo português em colaboração com parceiros do sistema da ONU.
“Há vinte e um anos, aqui em Lisboa, tive oportunidade de me dirigir à primeira Conferência Mundial de Ministros responsáveis pela Juventude. É com imenso gosto que regresso hoje a esta cidade e a este fórum, onde vejo tantos rostos familiares e, também, tantos novos participantes. Nestes vinte e um anos, percorremos juntos um longo caminho!”
O chefe da ONU disse que “em 1998, a internet dava os seus primeiros passos” e “palavras como “drone” e “selfie” não faziam parte do nosso vocabulário quotidiano.”
Além disso, “a ameaça existencial das alterações climáticas não era, ainda, totalmente compreendida” e “viviam num estado de pobreza cerca do dobro das pessoas que hoje, ainda, se encontram nessa situação.” O número de raparigas sem acesso ao ensino primário era, também, duas vezes superior ao atual.
Comparando com os dados de há 21 anos, Guterres afirmou que “habitam hoje no nosso planeta mais dois mil milhões de pessoas, aproximadamente.” Isto significa que o mundo tem “a mais numerosa geração jovem da história.”
Desafios
O secretário-geral afirmou, no entanto, que “essa nova geração enfrenta enormes desafios.”
Segundo ele, um quinto dos jovens não está empregado, estudando ou treinando, um quarto é afetado por violência ou conflito e milhões de meninas se tornam mães enquanto ainda são crianças. Além disso, intimidação e assédio on-line estão aumentando os níveis de stresse e cerca de 67 mil adolescentes morrem de suicídio ou autoagressão a cada ano.
António Guterres afirmou que “sem ação na emergência climática, na desigualdade e intolerância, esta geração pode enfrentar consequências devastadoras.”
O chefe da ONU disse que a sua “geração está começando a entender que os jovens podem e devem liderar.” Para ele, é necessário “criar um ambiente propício para os jovens, onde eles sejam vistos não como sujeitos a serem protegidos, mas como cidadãos com direitos iguais, vozes iguais e influência igual, como membros plenos de nossas sociedades e poderosos agentes de mudança.”
Liderança
Guterres agradeceu depois “a liderança inspiradora que os jovens têm demonstrado nas mais diversas áreas” e prometeu: “As Nações Unidas estarão convosco sempre que fizerem frente à injustiça.”
O representante disse que irá trabalhar com os jovens para prevenir conflitos e para promover a paz e que dará apoio no acesso à educação, ao trabalho decente, à proteção social e à saúde sexual e reprodutiva.
Segundo ele, esta parceria “está plasmada na nova estratégia, Juventude 2030, lançada no ano passado com o objetivo de tornar as Nações Unidas uma Organização líder no trabalho com os jovens.”