Sol, terra e tempo são os temas do Dia Mundial da Meteorologia
Agência da ONU destaca papel do sol na saúde e mudança climática; os 20 anos mais quentes de que há registro aconteceram nos últimos 22 anos; cerca de 100 milhões de casos de câncer de pele terão sido evitados com a ação para proteger a camada de ozônio.
O Sol, a Terra e o Tempo são o tema do Dia Mundial da Meteorologia em 2019, marcado este sábado, 23 de março.
A ONU pretende destacar “o papel do sol em fornecer a energia que alimenta toda a vida na Terra e impulsiona o clima, as correntes oceânicas e o ciclo hidrológico.”
Saúde
Em nota, a Organização Meteorológica Mundial, OMM, lembra que “os serviços nacionais de meteorologia e hidrologia fornecem conhecimentos e serviços para aproveitar o poder do sol e nos proteger dele.”
Estas observações incluem a monitorização dos gases com efeito de estufa, radiação ultravioleta e efeitos nas pessoas, clima, qualidade do ar e da água.
A luz solar tem um papel fundamental na saúde e no bem-estar das pessoas. Pouco sol afeta o humor e o bem-estar e aumenta o risco de deficiência de vitamina D. Exposição excessiva causa efeitos nocivos na pele, nos olhos e no sistema imunológico.
Os especialistas acreditam que quatro dos cinco casos de câncer de pele poderiam ser evitados, já que os danos causados pelos raios ultravioleta são evitáveis.
Efeito estufa
Os 20 anos mais quentes registrados foram nos últimos 22 anos, com os quatro primeiros no último quadriénio
Sobre estes dados, o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, disse que “medições feitas por satélite nos últimos 30 anos mostram que a produção de energia do sol não aumentou e que o aquecimento recente não pode ser atribuído a mudanças na atividade solar.”
WMO Secretary-General Petteri Taalas addresses #WorldMetDay ceremony on #climatechange and extreme weather like #CycloneIdai which highlight need for more #climateaction and disaster risk reduction to protect #GlobalGloals pic.twitter.com/JC6Ugd80y3
WMO
Sobre o aumento das temperaturas, que estão derretendo o gelo e aquecendo os oceanos, Taalas disse que é impulsionado por gases de efeito estufa de longa duração na atmosfera. As concentrações de dióxido de carbono atingiram 405,5 partes por milhão em 2017 e continuam a subir.
Como consequência, desde 1990, houve um aumento de 41% no efeito de aquecimento no clima por gases de efeito estufa. Taalas explica que o dióxido de carbono, CO2, representa cerca de 82% deste aumento.
Segundo o chefe da OMM, se essa tendência atual continuar, podem ser esperados aumentos de temperatura de 3 °C a 5 °C até ao final do século.
Taalas disse que “isso está bem acima do objetivo do Acordo de Paris, que visa manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2 °C e o mais próximo possível de 1,5 °C.”
Energia solar
O sol é uma ferramenta valiosa contra a mudança climática devido à energia solar, que está se tornando mais barata e disponível. A OMM diz que este tipo de energia “tem o potencial de substituir combustíveis fósseis como carvão ou petróleo como uma importante fonte de eletricidade.”
A energia renovável, incluindo a energia solar, representa quase dois terços das novas formas de produção de energia que serão criadas em todo o mundo até 2040, graças à queda dos custos e às políticas governamentais de apoio.
Neste momento, a participação de renováveis representa 25% dos totais globais, mas esse valor deve subir para mais de 40% até 2040.
Camada de ozônio
A ONU destaca a ação para proteger a camada de ozônio como um exemplo que mostra os benefícios de um compromisso internacional.
Em meados da década de 1980, descobriu-se que esta camada estava sendo desgastada, muito além dos processos naturais. Isso levou a uma ação internacional para eliminar os produtos químicos mais prejudiciais e a sua destruição foi interrompida.
Até ao final deste século, cerca de 100 milhões de casos de câncer de pele terão sido evitados com a ação para proteger a camada de ozônio e muitos milhões de casos de catarata nos olhos.
Cimeira
A declaração da OMM sobre o estado do clima em 2018 será lançada em Nova Iorque num evento que acontece no dia 28 de março. Participam o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a presidente da Assembleia Geral, María Fernanda Espinosa, e o secretário-geral da OMM.
O relatório inclui uma visão abrangente das temperaturas, eventos de alto impacto e vários indicadores de mudanças climáticas de longo prazo, como o aumento das concentrações de dióxido de carbono, as variações de gelo marinho do Ártico e da Antártida, a elevação do nível do mar e a acidificação dos oceanos.
Esta pesquisa será um dos documentos de preparação da Cimeira do Clima, que António Guterres convocou para setembro de 2019, na sede das Nações Unidas.