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Sol, terra e tempo são os temas do Dia Mundial da Meteorologia

Jovem trabalhava em quiosque de praia na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.
OMM/Bruno Ipiranga
Jovem trabalhava em quiosque de praia na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

Sol, terra e tempo são os temas do Dia Mundial da Meteorologia

Clima e Meio Ambiente

Agência da ONU destaca papel do sol na saúde e mudança climática; os 20 anos mais quentes de que há registro aconteceram nos últimos 22 anos; cerca de 100 milhões de casos de câncer de pele terão sido evitados com a ação para proteger a camada de ozônio.

O Sol, a Terra e o Tempo são o tema do Dia Mundial da Meteorologia em 2019, marcado este sábado, 23 de março.

A ONU pretende destacar “o papel do sol em fornecer a energia que alimenta toda a vida na Terra e impulsiona o clima, as correntes oceânicas e o ciclo hidrológico.”

No primeiro dia de janeiro entrou em vigor a Emenda Kigali ao Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio
No primeiro dia de janeiro entrou em vigor a Emenda Kigali ao Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, by NASA

Saúde

Em nota, a Organização Meteorológica Mundial, OMM, lembra que “os serviços nacionais de meteorologia e hidrologia fornecem conhecimentos e serviços para aproveitar o poder do sol e nos proteger dele.”

Estas observações incluem a monitorização dos gases com efeito de estufa, radiação ultravioleta e efeitos nas pessoas, clima, qualidade do ar e da água.

A luz solar tem um papel fundamental na saúde e no bem-estar das pessoas. Pouco sol afeta o humor e o bem-estar e aumenta o risco de deficiência de vitamina D. Exposição excessiva causa efeitos nocivos na pele, nos olhos e no sistema imunológico.

Os especialistas acreditam que quatro dos cinco casos de câncer de pele poderiam ser evitados, já que os danos causados ​​pelos raios ultravioleta são evitáveis.

Efeito estufa

Os 20 anos mais quentes registrados foram nos últimos 22 anos, com os quatro primeiros no último quadriénio

Sobre estes dados, o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas, disse que “medições feitas por satélite nos últimos 30 anos mostram que a produção de energia do sol não aumentou e que o aquecimento recente não pode ser atribuído a mudanças na atividade solar.”

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Sobre o aumento das temperaturas, que estão derretendo o gelo e aquecendo os oceanos, Taalas disse que é impulsionado por gases de efeito estufa de longa duração na atmosfera. As concentrações de dióxido de carbono atingiram 405,5 partes por milhão em 2017 e continuam a subir.

Como consequência, desde 1990, houve um aumento de 41% no efeito de aquecimento no clima por gases de efeito estufa. Taalas explica que o dióxido de carbono, CO2, representa cerca de 82% deste aumento.

Segundo o chefe da OMM, se essa tendência atual continuar, podem ser esperados aumentos de temperatura de 3 °C a 5 °C até ao final do século.

Taalas disse que “isso está bem acima do objetivo do Acordo de Paris, que visa manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2 °C e o mais próximo possível de 1,5 °C.”

Energia solar

O sol é uma ferramenta valiosa contra a mudança climática devido à energia solar, que está se tornando mais barata e disponível. A OMM diz que este tipo de energia “tem o potencial de substituir combustíveis fósseis como carvão ou petróleo como uma importante fonte de eletricidade.”

A energia renovável, incluindo a energia solar, representa quase dois terços das novas formas de produção de energia que serão criadas em todo o mundo até 2040, graças à queda dos custos e às políticas governamentais de apoio.

Neste momento, a participação de renováveis ​​representa 25% dos totais globais, mas esse valor deve subir para mais de 40% até 2040.

Camada de ozônio

Painéis solares no Hospital Rural de Bulawayo, no Zimbabwe.

A ONU destaca a ação para proteger a camada de ozônio como um exemplo que mostra os benefícios de um compromisso internacional.

Em meados da década de 1980, descobriu-se que esta camada estava sendo desgastada, muito além dos processos naturais. Isso levou a uma ação internacional para eliminar os produtos químicos mais prejudiciais e a sua destruição foi interrompida.

Até ao final deste século, cerca de 100 milhões de casos de câncer de pele terão sido evitados com a ação para proteger a camada de ozônio e muitos milhões de casos de catarata nos olhos.

Cimeira

A declaração da OMM sobre o estado do clima em 2018 será lançada em Nova Iorque num evento que acontece no dia 28 de março. Participam o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a presidente da Assembleia Geral, María Fernanda Espinosa, e o secretário-geral da OMM.

O relatório inclui uma visão abrangente das temperaturas, eventos de alto impacto e vários indicadores de mudanças climáticas de longo prazo, como o aumento das concentrações de dióxido de carbono, as variações de gelo marinho do Ártico e da Antártida, a elevação do nível do mar e a acidificação dos oceanos.

Esta pesquisa será um dos documentos de preparação da Cimeira do Clima, que António Guterres convocou para setembro de 2019, na sede das Nações Unidas.