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ONU Mulheres lança programa de empoderamento em Cabo Verde

Especialistas da Cedaw pedem mais programas de educação pública sobre o impacto negativo dos estereótipos discriminatórios.
ONU Mulheres Cabo Verde
Especialistas da Cedaw pedem mais programas de educação pública sobre o impacto negativo dos estereótipos discriminatórios.

ONU Mulheres lança programa de empoderamento em Cabo Verde

Mulheres

Iniciativa de cinco anos tem como foco trabalhadoras domésticas, mulheres com deficiência, migrantes e que trabalham na informalidade; projetos concentram-se em setores de agricultura e turismo.*

A ONU Mulheres em Cabo Verde lançou o Programa de Empoderamento Econômico das Mulheres para um período de cinco anos.

A iniciativa que pretende aumentar o trabalho decente e a autonomia econômica das beneficiárias termina em 2022.

Em declarações para a ONU News, a consultora da ONU Mulheres Heloisa Marone explicou os objetivos do projeto.

“É um programa que abrange várias áreas em termos de empoderamento econômico das mulheres e, mais especificamente, nas questões de contribuição, da participação e dos benefícios dos processos econômicos em Cabo Verde. É um programa diferenciado porque trabalha com ações transformativas e questões que são entraves à contribuição, participação e benefício dos processos econômicos de uma maneira igualitária.”  

Segundo a agência da ONU, as mulheres enfrentam altos níveis de informalidade e condições de trabalho precárias
Segundo a agência da ONU, as mulheres enfrentam altos níveis de informalidade e condições de trabalho precárias, by ONU Cabo Verde

Emprego

Segundo a agência da ONU, as mulheres enfrentam altos níveis de informalidade e condições de trabalho precárias.  Elas também têm maiores probabilidades de estar no subemprego e em trabalhos vulneráveis.

Mesmo com diploma universitário, o seu nível de desemprego, 14,5%, é maior do que entre os homens, 9,6%. Para a ONU Mulheres, isso mostra que “a educação não se traduz automaticamente em igualdade de acesso às oportunidades de emprego.”

O novo programa inclui prestação de assistência técnica, iniciativas de formação, troca de conhecimento e campanhas de conscientização.

A especialista Heloisa Marone explicou como esse trabalho será feito.

“Identifica questões de disparidade nessa participação dos processos econômicos e o programa é construído de forma a lidar com as razões que estão debaixo dessas disparidades. Trabalha duas grandes vertentes. Uma é a promoção do trabalho decente e proteção social para as mulheres e a outra é a da capacidade e acesso a recursos para mulheres que estão ao longo das cadeias de valor do turismo e do agronegócio.”

Além disso, o programa tem como foco trabalhadoras domésticas, informais, mulheres com deficiência e migrantes.

Alvo

Para a ONU Mulheres, os desequilíbrios na distribuição do trabalho não remunerado entre homens e mulheres constituem um obstáculo fundamental ao empoderamento econômico e social das mulheres.

Em média, as mulheres dedicam 63 horas a trabalhos não remunerados por semana, 25 horas a mais do tempo médio dedicado pelos homens.

A agência da ONU pretende reconhecer, reduzir e redistribuir este tipo de trabalho. Ao mesmo tempo, quer promover o trabalho decente, o aumento da produtividade e das oportunidades de emprego formal.

A ONU Mulheres estima que a desigualdade de gênero no mercado de trabalho cabo-verdiano custe 12,1% de seu Produto Interno Bruto, PIB, anual.

Os recursos disponíveis para o projeto, que representam 8,5% do orçamento total de US$ 3,37 milhões, serão distribuídos durante os cinco anos.  

 

*Com reportagem de Ekvity dos Santos, da ONU Mulheres Cabo Verde