Chefes de Estado aprovam declaração política contra tuberculose

Mais de 50 líderes mundiais discutem em Nova Iorque combate à doença; encontro de Alto Nível é o primeiro dedicado a este vírus, que causou a morte de 1,6 milhão de pessoas no ano passado.
Cerca de 50 chefes de Estado e de governo aprovaram por consenso, em Nova Iorque, uma declaração política contra a tuberculose. A ONU organiza esta quarta-feira o seu primeiro encontro de alto nível dedicado à doença infecciosa que mata mais pessoas em todo o mundo.
No evento, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, OMS, Tedros Ghebreyesus, afirmou que este é “um dia histórico na batalha contra esta doença antiga.”
Discursos
Na declaração, os Estados-membros comprometem-se a diagnosticar e tratar 40 milhões de pessoas até 2022, acelerar o desenvolvimento terapêuticas e mobilizar mais financiamento.
Tedros Ghebreyesus lembrou que “a tuberculose é uma praga para a humanidade há milénios”. Segundo ele, “a doença não conhece fronteiras e todos estão em risco, mas vinga quando existe pobreza, subnutrição e conflito."
Participou também neste encontro a diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, Henrietta Fore, e a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed.
Em representação do secretário-geral, António Guterres, Amina disse que são precisos mais US$ 13 bilhões por ano para combater a doença.
A vice-chefe da ONU acredita que existe uma “oportunidade crítica” para “construir uma infraestrutura de saúde que, além de combater o vírus, promove e protege a saúde e o bem-estar de comunidades inteiras”.
O objetivo do encontro é acelerar os esforços para alcançar eliminar a epidemia de tuberculose no mundo até 2030.
Para cumprir esta meta, os países precisam de reduzir em 90% o número de vítimas mortais e em 80% a quantidade de novas infeções em relação aos números de 2015.
Segundo o Relatório Global da Tuberculose, publicado pela Organização Mundial da Saúde, OMS, na semana passada, o impacto da doença está a cair em todas as regiões e na maioria dos países, mas a um ritmo demasiado lento para alcançar os objetivos.
Cerca de 1,6 milhão de pessoas perderam a vida devido à doença no ano passado. A infeção é a que mais pessoas mata e está à frente do vírus HIV.
O relatório estima que 10 milhões de pessoas contraíram a doença no ano passado, incluindo 5,8 milhões de homens, 3,2 milhões de mulheres e mais de 1 milhão de crianças.
No ano passado, a tuberculose foi responsável por cerca de 1,3 milhão de mortes de pessoas que não vivem com o HIV e cerca de 300 mil pessoas seropositivas.
Um grupo de 30 países, com as taxas de incidência mais altas, reuniu 87% de todos os casos. Apenas 3% foram registados na região europeia da OMS e 3% na região das Américas.
Na maioria dos países de renda alta, a taxa de incidência é inferior a 10 novos casos por cada 100 mil pessoas. Mas em alguns países, como Moçambique, Filipinas e África do Sul, ocorreram mais de 500 casos por cada 100 mil.
Desde o ano 2000, o diagnóstico e o tratamento de pessoas salvaram a vida de pelo menos 54 milhões de pessoas. Apesar desse resultado, a taxa de sucesso do tratamento baixou para 82% no ano passado. Em 2013, era cerca de 86%.
O número de mortes de pessoas que não vivem com o vírus HIV caiu 29% desde o ano 2000, de 1,8 milhão para 1,3 milhão. Entre as pessoas seropositivas, desceu 44%, de 534 mil para cerca de 300 mil.
Os autores do relatório também alertam para a tuberculose resistente a medicamentos, dizendo que continua sendo ameaça de saúde pública.
Em 2017, cerca de 558 mil pessoas tiveram uma variante da doença resistente à principal droga que a combate, rifampicina. Deste número, cerca de 82% dos casos eram resistentes a várias drogas.