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Chefes de Estado aprovam declaração política contra tuberculose

Vacina contra a tuberculose sendo preparada em Bougouni, no Mali.
Unicef/Ilvy Njiokiktjien
Vacina contra a tuberculose sendo preparada em Bougouni, no Mali.

Chefes de Estado aprovam declaração política contra tuberculose

Saúde

Mais de 50 líderes mundiais discutem em Nova Iorque combate à doença; encontro de Alto Nível é o primeiro dedicado a este vírus, que causou a morte de 1,6 milhão de pessoas no ano passado. 

Cerca de 50 chefes de Estado e de governo aprovaram por consenso, em Nova Iorque, uma declaração política contra a tuberculose. A ONU organiza esta quarta-feira o seu primeiro encontro de alto nível dedicado à doença infecciosa que mata mais pessoas em todo o mundo.

No evento, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, OMS, Tedros Ghebreyesus, afirmou que este é “um dia histórico na batalha contra esta doença antiga.”

Discursos

Mães na vila de Nassian, na Côte d'Ivoire, com os seus filhos para ser vacinados.
Mães na vila de Nassian, na Côte d'Ivoire, com os seus filhos para ser vacinados. , by Unicef/Frank Dejongh

Na declaração, os Estados-membros comprometem-se a diagnosticar e tratar 40 milhões de pessoas até 2022, acelerar o desenvolvimento terapêuticas e mobilizar mais financiamento.

Tedros Ghebreyesus lembrou que “a tuberculose é uma praga para a humanidade há milénios”. Segundo ele, “a doença não conhece fronteiras e todos estão em risco, mas vinga quando existe pobreza, subnutrição e conflito."

Participou também neste encontro a diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, Henrietta Fore, e a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed.

Em representação do secretário-geral, António Guterres, Amina disse que são precisos mais US$ 13 bilhões por ano para combater a doença.

A vice-chefe da ONU acredita que existe uma “oportunidade crítica” para “construir uma infraestrutura de saúde que, além de combater o vírus, promove e protege a saúde e o bem-estar de comunidades inteiras”.

Metas

O objetivo do encontro é  acelerar os esforços para alcançar eliminar a epidemia de tuberculose no mundo até 2030.

Para cumprir esta meta, os países precisam de reduzir em 90% o número de vítimas mortais e em 80% a quantidade de novas infeções em relação aos números de 2015.

Segundo o Relatório Global da Tuberculose, publicado pela Organização Mundial da Saúde, OMS, na semana passada, o impacto da doença está a cair em todas as regiões e na maioria dos países, mas a um ritmo demasiado lento para alcançar os objetivos.

Epidemia

Cerca de 1,6 milhão de pessoas perderam a vida devido à doença no ano passado. A infeção é a que mais pessoas mata e está à frente do vírus HIV.

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Tuberculose também afeta países desenvolvidos com o movimento migratório e cada vez mais trânsito entre cidadãos de várias partes do mundo. Foto: Irin/David Gough, by dsu-admin

O relatório estima que 10 milhões de pessoas contraíram a doença no ano passado, incluindo 5,8 milhões de homens, 3,2 milhões de mulheres e mais de 1 milhão de crianças.

No ano passado, a tuberculose foi responsável por cerca de 1,3 milhão de mortes de pessoas que não vivem com o HIV e cerca de 300 mil pessoas seropositivas.

Um grupo de 30 países, com as taxas de incidência mais altas, reuniu 87% de todos os casos. Apenas 3% foram registados na região europeia da OMS e 3% na região das Américas.

Na maioria dos países de renda alta, a taxa de incidência é inferior a 10 novos casos por cada 100 mil pessoas. Mas em alguns países, como Moçambique, Filipinas e África do Sul, ocorreram mais de 500 casos por cada 100 mil.

Tratamento

Desde o ano 2000, o diagnóstico e o tratamento de pessoas salvaram a vida de pelo menos 54 milhões de pessoas. Apesar desse resultado, a taxa de sucesso do tratamento baixou para 82% no ano passado. Em 2013, era cerca de 86%.

O número de mortes de pessoas que não vivem com o vírus HIV caiu 29% desde o ano 2000, de 1,8 milhão para 1,3 milhão. Entre as pessoas seropositivas, desceu 44%, de 534 mil para cerca de 300 mil. 

Os autores do relatório também alertam para a tuberculose resistente a medicamentos, dizendo que continua sendo ameaça de saúde pública.

Em 2017, cerca de 558 mil pessoas tiveram uma variante da doença resistente à principal droga que a combate, rifampicina. Deste número, cerca de 82% dos casos eram resistentes a várias drogas.