Chefe da ONU acredita que risco da situação piorar no Oriente Médio é muito alto
António Guterres participou em encontro do Conselho de Segurança sobre a região; secretário-geral disse que conflitos religiosos são normalmente produto de manipulação política ou geoestratégica.
O secretário-geral disse esta segunda-feira ao Conselho de Segurança que o risco de um piorar da situação no Oriente Médio e Norte de África é “muito alto”.
Em encontro de análise da situação nessas regiões, o chefe da ONU afirmou que esses países enfrentam “divisões profundas, correntes preocupantes e um desfiar trágico do seu tecido religioso, étnico e cultural”.
Ameaças
Segundo ele, conflitos antigos e novos, mágoas sociais, um encolher do espaço democrático e novas formas de extremismo estão a dificultar a paz, o desenvolvimento sustentável, e os direitos humanos.
Guterres destacou o exemplo positivo da Tunísia, onde começou a Primavera Árabe, dizendo que “conquistou progressos consideráveis na consolidação da sua democracia, com uma nova constituição e uma transição de poder pacifica”.
O secretário-geral explicou que essa promessa não se materializou em todos os locais da região, citando várias divisões, como entre israelitas e palestinos, xiitas e sunitas, e outras separações étnicas.
Segundo ele, as oportunidades econômicas e sociais são insuficientes e, quando as dificuldades aumentam, a confiança nas instituições cai. Guterres acredita que “essas dificuldades são manipuladas para vantagens políticas” e que, “por vezes, a interferência externa aumentou essa separação”.
Exemplos
Guterres fez uma análise das principais crises na região.
Ele afirmou que o conflito israelense-palestino continua a ser central e que os sírios “suportaram uma série de atrocidades por mais de sete anos de conflito”. Segundo ele, o país tornou-se um campo de batalha para outras guerras de atores regionais e internacionais. Quanto ao Iêmen, disse que o conflito prolongado é arrasador e tem claras dimensões regionais.
O chefe da ONU defendeu que “a comunidade internacional deve permanecer mobilizada para garantir uma forte resposta humanitária a milhões de pessoas em extrema necessidade”.
Iraque
Guterres lembrou também o exemplo positivo do Iraque, dizendo que nos últimos anos aconteceram vários exemplos da resistência do país, incluindo a vitória sobre o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil.
Segundo ele, as prioridades são agora a conclusão do processo eleitoral, a reconstrução de áreas destruídas pelo Isil, o retorno seguro de pessoas deslocadas e a responsabilização de todos os que cometeram crimes.
Motivações
Quanto aos motivos destas crises, Guterres afirmou que “o que parece ser um conflito religioso é normalmente o produto de manipulação política ou geoestratégica”.
Guterres lembrou que, mesmo durante a Guerra Fria, os rivais encontraram maneiras de falar e cooperar. O chefe da ONU diz não entender “por que os países da região não conseguem encontrar uma plataforma semelhante para se unirem”.
Segundo ele, “as maiorias não devem sentir a ameaça existencial da fragmentação, e as minorias não devem sentir a ameaça da opressão e do exílio”.
O secretário-geral terminou o discurso pedindo que os membros do Conselho de Segurança “encontrem o consenso necessário e atuem com uma voz forte”.
Apresentação: Alexandre Soares.