Tráfico de migrantes gera US$ 7 bilhões e faz 2,5 milhões de vítimas

Agência da ONU destaca que valor equivale ao gasto dos Estados Unidos ou da União Europeia em ajuda humanitária global em 2016.
Pelo menos 2,5 milhões de migrantes foram contrabandeados em 2016, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc.
A primeira análise global sobre o contrabando de pessoas, lançada esta terça-feira em Viena, revela que os contrabandistas ganharam até US$ 7 bilhões por causa do fenómeno que ocorreu em todo o mundo.
O valor equivale ao gasto dos Estados Unidos ou dos países da União Europeia em ajuda humanitária global em 2016.
A agência da ONU revelou ainda que o fechamento de fronteira terrestre da Turquia para a Europa Ocidental levou à crescente demanda pela perigosa rota marítima no leste do Mediterrâneo.
O estudo cita a Organização Internacional para as Migrações, OIM, apontando para milhares de mortes devido a atividades de contrabando de migrantes a cada ano. As causas variam de afogamento a acidentes ou condições extremas de terreno e clima. O Mediterrâneo seria a rota com mais mortos com cerca de 50% do total.
O estudo decorreu em 30 grandes rotas mundiais de contrabando. A demanda é mais alta entre os refugiados que, por falta de outros meios, podem precisar usar meios ilegais para chegar a um destino seguro fugindo dos seus países de origem.
Em vários fluxos de contrabando estiveram presentes crianças desacompanhadas ou separadas, que podem ser particularmente vulneráveis a fraudes e abusos por contrabandistas e outros. Em 2016, quase 34 mil menores nessa situação chegaram à Europa principalmente a países como Grécia, Itália, Bulgária e Espanha.
Para o diretor de Análise de Políticas e Assuntos Públicos do Unodc este crime transnacional ataca os mais vulneráveis dos vulneráveis. Segundo Jean-Luc Lemahieu, trata-se de “um crime global que requer ação global, que inclui melhor cooperação regional e internacional e respostas da justiça criminal nacional”.
A agência recomenda aos governos que não tenham como alvo as rotas em constante mudança, mas os pontos mais estáveis de contrabando, onde os migrantes se reúnem antes de iniciar suas longas jornadas.
Outro pedido da agência da ONU é que sejam abertos canais legais de imigração e oportunidades de renda alternativas às pessoas de baixa renda como forma de combater o contrabando
Apresentação: Eleutério Guevane.