Brasil revalida diploma universitário e oferece esperança a refugiado sírio
Migrantes e refugiados
Selim Al Nazer é formado em farmácia na Síria, de onde fugiu em 2013 para escapar da violência; empresa em São Paulo o empregou e ONG o assessora gratuitamente a organizar documentos.
Monica Grayley, da ONU News em Nova Iorque.
Uma família síria começou uma nova vida no Brasil graças ao reconhecimento de um diploma universitário em farmácia. O chefe da família, Selim Al Nazer, passou por três países antes de chegar a São Paulo, onde agora trabalha e vive com a mulher e os filhos.
Com a ajuda de uma ONG, Compassiva, e da própria Agência da ONU para Refugiados, Acnur, Selim obteve a revalidação do documento por parte de autoridades brasileiras. Com isso, conseguiu um emprego na sua própria área e diz que está cheio de esperanças.
Garra
“Cada um tem um sonho, né? Eu gosto de ficar mais atento para vencer. Eu procuro também melhores coisas, para mim e também pela minha família.
O diretor da empresa Jadlog, Brenno Borges, que deu uma oportunidade ao refugiado sírio disse que ele mostrou garra para regularizar a situação acadêmica.
“Se ele não tivesse validado o seu diploma, ele não teria oportunidade. Mas ele correu atrás do seu diploma, ele correu atrás para validar. Então por que fechar a porta para essa pessoa? Sendo que ele tem todos os requisitos, estudou, sabe, tem o conhecimento?”
Emprego
O processo de revalidação do diploma é previsto em lei e também ocorre para estudantes brasileiros que se formam no exterior. No caso de Selim Al Nazer, o reconhecimento acadêmico e profissional era fundamental para que ele pudesse trabalhar na sua própria área, a de farmácia.
O diretor da organização Compassiva, André Leitão, lembrou que a formalização é mais que um aspecto burocrático, e confere identidade social ao refugiado.
“A validação do diploma não é apenas um papel. A validação do diploma é um dos primeiros passos para você resgatar esta dignidade. Esta identidade dessa pessoa.”
Leis
O refugiado sírio contou com o apoio dos especialistas da Compassiva como a advogada Camila Suemi.
“Ainda que ele não tenha todos os documentos que a Universidade solicita, a partir do seu status de refugiado, que a gente consegue apresentar a legislação, que eu falei pra você, e na legislação garantir que mesmo sem todos os documentos elencados pela Universidade, que você tenha direito a entrar com o processo de revalidação.”
Para Selim Al Nazer, a nova vida no Brasil coloca um fim num processo de mudanças de países e do sofrimento de uma guerra civil que perdura desde 2011. Dois anos após o início dos combates, ele decidiu fugir da Síria. Hoje, vive e trabalha em São Paulo, para onde levou toda a família e afirma que jamais vai perder a esperança.