Portugal tem espaço para mais 8,5 mil refugiados, diz ministro Santos Silva BR

Chefe da pasta dos Negócios Estrangeiros disse à ONU News que abrigar os que fogem de conflitos é guerras é um dever humanitário e uma obrigação moral; ele disse que este não pode ser um problema só da Grécia, da Itália, da Espanha e da Alemanha, mas deve haver solidariedade.
Monica Grayley, da ONU News em Nova Iorque.
Portugal está de portas abertas para mais 8,5 mil refugiados. A afirmação é do ministro dos Negócios Estrangeiros do país, Augusto Santos Silva.
Em entrevista à ONU News sobre a participação de seu país na Assembleia Geral da ONU, Santos Silva afirmou que a decisão de dobrar a quota, que era inicialmente de 5 mil pessoas, acordada com a União Europeia, foi tomada pelo país para cumprir um direito humanitário.
União Europeia
“Neste momento, já acolhemos cerca de 1,5 mil. Somos aliás o quarto ou quinto país da União Europeia que mais refugiados acolhe neste processo de relocalização. Mas, já nos propusemos duplicar a nossa quota. É nossa obrigação acolher pessoas refugiadas. Em segundo lugar: é um problema europeu. Não pode ser só um problema da Grécia, da Itália, que são os países a que chegam mais refugiados. Agora também, a Espanha. Somos um país de emigrantes. Por isso, temos condições, do ponto de vista do apoio social, de receber mais refugiados.
ONU News: Mas quando o sr. diz duplicar, se está quota é de 5 mil, (então vai) chegar a 10 mil?
Ministro Santos Silva: Exatamente.”
Cplp
Além da questão dos refugiados, Augusto Santos Silva comentou o impasse político na Guiné-Bissau e o interesse de Portugal e dos demais integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp, de ter o impasse resolvido no país africano.
“Portugal não tem outro interesse que não a estabilidade da Guiné-Bissau. E por que que tem este interesse? Por duas razões: porque nós somos um país amigo da Guiné-Bissau. E em segundo lugar: porque a Guiné-Bissau é um Estado importante numa zona, o Golfo da Guiné, que do ponto de vista da segurança internacional é crítica. Basta pensar que, no nosso caso, metade da energia que nós importamos, chega até nós atravessando o Golfo da Guiné. E todos nós sabemos, porque não devemos esconder nada, que o Golfo da Guiné é hoje ameaçado pela pirataria.”
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, também destacou a importância da língua portuguesa em organizações internacionais e disse que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp, pretende fazer do português um idioma oficial dessas instituições incluindo a própria ONU.
Santos Silva informou que Portugal deve aumentar sua participação em operações de paz e políticas num futuro próximo começando por Afeganistão.