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Moçambique: cancro do colo do útero em quase um terço das doentes

Exame para detectar o câncro do colo do útero. Foto: OMS/Wpro/Nomin Lkhagvasuren (arquivo)

Moçambique: cancro do colo do útero em quase um terço das doentes

Variante é a segunda mais mortífera em mulheres; Estados-membros da Cplp participam em congresso internacional que encerra esta sexta-feira em Maputo.

Ouri Pota, da Rádio ONU em Maputo.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, estima que o cancro do colo do útero afeta 32% do total das mulheres pacientes de cancro em Moçambique.

O dado foi apresentado no Congresso Internacional sobre Cancro que decorre até sexta feita na capital moçambicana, Maputo.

Estatísticas

A Rádio ONU, ouviu o ponto focal para Doenças Não Transmissíveis da representação da OMS em Moçambique. Raquel Mahoque revelou as estatísticas atuais sobre a doença no país.

“Em relação a Moçambique segundo a Globocan temos cerca de 945 casos novos do cancro da mama e 512 mortes; Para o cancro do útero cerca de 3,7 mil casos novos e 2,5 mil mortes. De referir que para o cancro da mama, 54 mulheres em cada 100 morrem de cancro da mama e 64 em cada 100 morrem de cancro de útero.”

Como desafio para redução dos casos , a especialista da agência aponta a prevenção dos fatores de risco.

Prevenção

“Cerca de 530 mil novos casos por ano. Se medidas não forem tomadas, se não trabalhamos a sério nisso, nas próximas duas décadas vai aumentar em 70%. É por isso que nós enfatizamos muito a componente da prevenção. O que nós podemos fazer é a prevenção dos fatores de risco. Para o cancro temos: o consumo do tabaco, do álcool, inatividade física e a dieta não saudável. Se nós engajarmos na prevenção dos fatores de risco iremos reduzir muito a incidência do cancro.”

Para além dos fatores de risco, Raquel Mahoque acredita que a redução de casos de cancro poderia acelerar se Moçambique ratificasse um tratado internacional sobre o tabaco.

Ratificação

“Se nós trabalharmos a fundo para ratificação da Convenção-Quadro do Controlo do Tabaco, um “calcanhar de Aquiles”, nós poderemos ter muita redução do cancro. A OMS está apoiar o Ministério da Saúde, da Educação, a sociedade civil e o setor privado para que seja feita a ratificação. Moçambique só sairia a ganhar com a ratificação, porque ela vai controlar a produção, a comercialização, a exportação ou a importação até o consumo do tabaco. Vamos reduzir muito as doenças a longo prazo.”

O primeiro Congresso Moçambicano do Cancro decorre sob o lema “O Cancro é um Problema de Saúde Pública em Moçambique - seu controlo deve ser priorizado”.

Acesso

Participam no evento países-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp, além de nações como Botsuana, Nigéria, Egito, Espanha, Áustria e Inglaterra.

Moçambique lançou em 2009 a Estratégia Nacional para o Controlo do Cancro do colo do útero e da mama, denominado Acesso Universal à Prevenção do Cancro. Em 2014, o país criou o programa nacional para controlar a doença.