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Agências da ONU apoiam campanhas de combate ao cancro em Moçambique

Sobrevivente do câncer de mama. Foto: OMS/S. Bones

Agências da ONU apoiam campanhas de combate ao cancro em Moçambique

Prioridade é o uso dos meios de comunicação social e das línguas nacionais; mulheres registam mais casos do cancro cervical enquanto que o da próstata é  o mais frequente nos homens.

Ouri Pota, da Rádio ONU em Maputo.

Agências das Nações Unidas em Moçambique apoiam a formação do pessoal, a partilha de conteúdos e a compra de equipamentos para combater o cancro no país.

O governo moçambicano anunciou que vai intensificar as campanhas em escolas, igrejas e locais públicos para haja mais pessoas a fazer o rastreio de vários tipos de cancro.

Situação

A chefe do Programa Nacional do Cancro, Cesaltina Lorenzoni, apresentou a situação atual da doença no âmbito do Dia Mundial da Luta Contra o Cancro, assinalado na quinta-feira sob o lema “Nós podemos, Eu posso”.

“Anualmente diagnosticamos cerca de 3,5 mil casos de cancro em Moçambique, nomeadamente em Maputo, Beira e Nampula. São cerca de 2 mil casos para Maputo, 700 para Nampula e 500 para Beira. Dentre estes casos na mulher o cancro do colo do útero é o mais frequente correspondendo a 30% do total dos casos, seguidos do cancro da mama e do Sarcoma de Kaposi.”

A responsável recordou ainda que as mulheres não devem ser vistas como o principais afetadas pelo problema, ao apelar para o rastreio o mais cedo possível.

Linfomas

“No homem, o cancro da próstata e o Sarcoma de Kaposi lideram a lista com aproximadamente com 16% do total dos casos, seguindo o cancro do fígado. Temos ainda cancros relacionados as crianças. Dentro destes os mais frequentes são os linfomas, o sarcoma de Kaposi, as leucemias e os tumores relacionados com o rim. É importante lembrar que o diagnóstico precoce destes cancros pode salvar muitas vidas humanas."

Para os especialistas, a doença é mais fácil de tratar quando identificada mais cedo. A chefe de Departamento das Doenças Não Transmissíveis no Ministério da Saúde, Edite Tusine, revelou os aspetos que merecem mais atenção na área.

Casamentos Prematuros

“Um dos grandes desafios que nós temos a nível do país é exatamente o casamento prematuro. Para que se desenvolva o cancro de colo de útero é necessário que a mulher tenha um contacto com um vírus que é o papiloma vírus humano, que infelizmente é de transmissão sexual. O que nós temos que fazer é sensibilizar às comunidades para, não sei como, acabar com os casamentos prematuros. Quando mais cedo tiver contacto com este vírus, maior a probabilidade de vir a ter este vírus.”

Edite Tusine explicou como agências das Nações Unidas intervém para combater a doença em Moçambique.

Maiores Hospitais

“Apoiamos principalmente na formação do nosso pessoal, temos tido apoio na formação e na compra de algum equipamento. Acreditamos que se continuar desta forma, em alguns anos iremos sentir os resultados positivos.”

Moçambique iniciou o rastreio do cancro da mama em 2009. Atualmente os dados estatísticos apresentados são das províncias de Maputo, Beira e Nampula onde estão as maiores cidades e se encontram os maiores hospitais.