Representante da ONU alerta para progresso “reversível” na Somália
A citar avanços no país, Michael Keating ressaltou, no entanto, situação de “grande insegurança”; ele mencionou acordo de líderes sobre o modelo eleitoral a ser usado neste ano; representante também citou preocupação com grave seca.
Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Em encontro no Conselho de Segurança, o representante especial do secretário-geral da ONU para a Somália, Michael Keating, afirmou que o progresso “está a ser feito” no país, mas não é irreversível.
Keating mencionou que na semana passada, líderes somalis chegaram a um acordo sobre o modelo eleitoral a ser usado este ano. Para o representante, esta “conquista significativa” abre o caminho para o planeamento prático.
Eleições
Segundo o representante, o processo eleitoral previsto para 2016 será “significativamente” diferente do que ocorreu em 2012.
Keating citou que “o colégio eleitoral será 100 vezes maior”, haverá uma “escolha genuína” de candidatos e que a votação acontecerá não apenas na capital Mogadíscio.
Ele alertou ainda que “30% dos assentos no Parlamento estão sendo reservados para mulheres”.
Modelo Único
O representante especial afirmou ainda que o modelo eleitoral de 2016 será “literalmente único”, já que é um “ponto intermediário” entre as eleições de 2012 e as de 2020, quando todos os somalis poderão participar.
Ao citar avanços no país, Keating ressaltou, no entanto, que o progresso decorre perante a “grande insegurança”, segundo ele, outra razão para que seja “reversível”.
Ameaça
“Muitos civis e muitos soldados estão a morrer”, disse o representante especial, a ressaltar que o grupo Al Shabab “permanece uma ameaça potencial”.
Segundo Keating, a parceria trilateral, entre o Governo Federal, a União Africana e as Nações Unidas continua a ser um “pilar para a paz” e um esforço para a “construção do Estado” na Somália.
Para ele, a “segurança e a prosperidade” no país dependem do sucesso em “reverter a dependência da assistência” e em abordar as causas da fragilidade, do conflito e do extremismo violento”.
O representante defendeu a necessidade de uma “estratégia política abrangente”, que abrace o investimento económico nos motores do crescimento, criação de empregos, educação, incluindo para meninas e mulheres, o Estado de Direito, e respeito aos direitos humanos, entre outras questões.
Seca
Michael Keating, que também é chefe da Missão da ONU de Assistência à Somália, Unsom, também destacou a seca, a afetar atualmente as áreas da Somalilândia e Puntlândia.
Ele lembrou que a seca em 2011 levou a uma fome que resultou na morte de cerca de 260 mil pessoas e alertou: “isso não pode acontecer novamente”.
O representante defendeu que ação adequada e oportuna vai mitigar a possibilidade de outra catástrofe. “Os recursos necessários para combater o problema agora” disse Keating, “são inestimavelmente menores do que os custos mais tarde, medidos em dinheiro, ou mais importante, em vidas”.
Keating ressaltou, no entanto, que até o momento agências humanitárias receberam apenas US$ 145 milhões dos US$ 885 milhões do apelo consolidado para 2016.
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