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Falta de água aumenta casos de desnutrição crónica em Moçambique

Foto: Banco Mundial

Falta de água aumenta casos de desnutrição crónica em Moçambique

Unicef apoia abastecimento de água e saneamento e quer expansão para pequenos aglomerados; especialista apela à intervenção do governo e Nações Unidas para maior cobertura e melhores práticas de higiene.

Ouri Pota, da Rádio ONU em Maputo. 

No Dia Mundial da Água, assinalado esta terça-feira, o Fundo das Nações Unidas para Infância, Unicef, reafirma o apoio para fornecer água potável e saneamento adequado a mais de 5 mil moçambicanos até 2017.

A ajuda da agência para a expansão do sistema de abastecimento de água canalizada destaca-se no distrito de Jangamo,  na província de Inhambane. O local foi escolhido pelo Unicef para acolher as celebrações da efeméride.

Aglomerados

Em nota, o representante do Unicef Marco Luigi Corsi citou o esforço com o governo para criar um modelo de abastecimento de água e saneamento para pequenos aglomerados populacionais. Cerca de 10% da população da área vai beneficiar-se da iniciativa.

Em conversa com a Rádio ONU em Maputo, o especialista em Água e Saneamento do Unicef,  Alfonso Alvestegui, citou a importância da água para o contexto local.

“Se não temos serviço de agua de boa qualidade para as crianças, mães, raparigas e rapazes que estão nas escolas, os riscos para a saúde são muito elevados, -se precisa-se de um apoio muito forte, do governo, organizações das Nações Unidas para acrescentar estas coberturas de água e saneamento e melhorar as práticas de higiene, particularmente nas áreas rurais e periurbanas de Moçambique”.

O relatório sobre a situação das crianças em Moçambique em 2011 indica que 43% das crianças sofrem de desnutrição crónica no país. Alfonso cita causas e a sua relação com a água.

Desenvolvimento

“Se não temos água, o risco para a criança é mais diarreia, se temos muita diarreia teremos desnutrição, e se a desnutrição mantêm-se por muito tempo, torna-se crónica. Isso afeta o desenvolvimento das crianças. O facto de não ter água tem um impacto grande porque acrescenta o risco de morte das nossas crianças por diarreia ou de não desenvolverem bem porque ficam fracos e desnutridos”.

O relatório do Unicef destaca a evolução dos beneficiários de água de fontes melhoradas de 37% em 2003 para 53% em 2011. Menos de um em cada quatro moçambicanos tem acesso a infraestruturas melhoradas de saneamento.

O projeto água e saneamento em Inhambane, Aguasani, visa suprir a falta de serviços adequados de abastecimento de água e saneamento nos distritos de Homoíne, Morrumbene e Jangamo.

O Unicef contribui com €1 milhão dos €10 milhões envolvidos na iniciativa.

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