ONU 70: O Acervo das Nações Unidas
As sete décadas da organização são preservadas em coleção de 850 mil fotos, 100 mil horas de vídeo e 18 mil horas de áudio; para chefe da Unidade de Multimídia da ONU, arquivos guardam parte da “história da humanidade”.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
Na sede das Nações Unidas, em Nova York, uma equipe de apenas 10 pessoas têm uma tarefa especial: preservar os 70 anos de história da organização. A Unidade de Multimídia é responsável por cuidar do acervo da ONU.
Segundo o chefe da seção, o arquivo tem mais de 850 mil fotos já digitalizadas e muitos filmes de 35 mm, slides e negativos que ainda nem foram selecionados.
Áudios
O brasileiro Antônio Carlos da Silva revela que o acervo audiovisual tem ainda mais de 100 mil horas de vídeo, 6 mil horas de filmes e cerca de 18 mil horas de áudio.
A coleção inclui sonoras históricas, como áudios da atriz Audrey Hepburn, que foi embaixadora do Unicef, a leitura da Declaração Universal dos Direitos Humanos feita por Eleanor Roosevelt em 1948 e até uma coletiva de imprensa do craque Pelé, gravada em 1992.
Favoritos
Antônio Carlos da Silva trabalha na ONU há 25 anos, a maior parte deles cuidando do acervo audiovisual da organização. Por isso, o chefe da Unidade Multimídia não hesita em responder quais são seus áudios e fotos preferidos.
“Quando eu vejo fotos de pessoas no campo, sendo ajudadas pela ONU, essas imagens me tocam muito. As fotos de personalidades também são muito populares, por exemplo, a recente foto do Papa. Em termos de áudio, um áudio que me toca muito toda vez que eu ouço, é o discurso de Pablo Neruda. Em 1972, ele vem à ONU e recita seus poemas e inclusive um poema que ele fez específico para ser falado aqui e que é muito, muito tocante.”
Distribuição de mantimentos no Sudão do Sul. Foto: ONU/JC McIlwaine
Da entrega de ajuda humanitária ao trabalho das Missões de Paz, passando por discursos de presidentes até a adoção de marcos internacionais: o acervo não guarda somente a história da Organização das Nações Unidas. Para Antônio Carlos da Silva, o arquivo conta parte da História do mundo contemporâneo.
“Você vê um pouco a história da humanidade, da segunda metade do século 20 até os dias de hoje, contada através deste acervo. Os grandes temas da humanidade são debatidos aqui, daí a importância histórica. É muito importante para a mensagem da ONU e para o trabalho da organização ter esse material mantido e preservado para gerações futuras, que vão através desse material audiovisual, se sensibilizar e saber o que aconteceu naquela época.”
Parte do acervo já está disponível na internet, na Biblioteca Audiovisual da ONU. No site, é possível assistir a mensagens do secretário-geral, concertos, notícias, debates da Assembleia Geral, reuniões de alto nível e conferências.
Museu
Entre mil horas de áudios históricos, é possível fazer o download pelo site de 200 programas, disponíveis na seção “Clássicos da Rádio ONU”. Com tanto material, o chefe da Unidade Multimídia revela que já foi pensado, inclusive, em se criar o Museu da ONU.
“Nós pensamos com outros órgãos que lidam com acervos da organização. Da parte audiovisual, por incrível que pareça, nós ainda temos equipamentos que hoje já não tocam mais, são obsoletos, mas são quase que peça de museu, são uma relíquia. Nós já discutimos criar um centro de interatividade, para que as pessoas possam ter acesso a essa história. Resta conseguir fundos para essa ideia interessantíssima e importante.”
Enquanto o museu não se concretiza, Antônio Carlos da Silva segue cuidando da preservação da história da ONU, que celebra o aniversário de 70 anos neste sábado, 24 de outubro.
Confira a cobertura especial dos 70 anos das Nações Unidas.
Secretário- Geral da Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente, Maurice Strong, com o jogador de futebol Pelé em 1991. Foto: ONU/Milton Grant