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855 mil Somalis em risco de enfrentar insegurança alimentar aguda

Seca prejudicou o gado. Foto: FAO/Simon Maina

855 mil Somalis em risco de enfrentar insegurança alimentar aguda

Cálculo é da FAO, que já prevê piora da situação durante temporada de chuvas entre outubro e dezembro; outro problema é a colheita de cereais, que está abaixo da média.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A má nutrição aguda continua na Somália e um grande número de pessoas será afetado pela insegurança alimentar até dezembro. A informação foi divulgada esta segunda-feira pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO.

A expectativa é de fortes chuvas no país entre outubro e dezembro, que este ano, serão afectadas pelo El Niño. Com isso, a FAO calcula que 855 mil somalis enfrentem insegurança alimentar aguda.

Insurgentes

Além das tempestades, a situação será agravada devido às colheitas de cereal que ficaram 25% abaixo da média; problemas no comércio em algumas áreas urbanas do sul, causados pelas atividades de insurgentes e continuação do deslocamento da população.

Atualmente, quase 215 mil crianças menores de cinco anos estão desnutridas na Somália, sendo mais de 39 mil de forma severa. Os dados são baseados num levantamento feito pela FAO e parceiros no país.

Risco de Morte

Mas até o fim do ano, o total de crianças desnutridas no país deve subir para 343 mil. A FAO destaca que os menores que enfrentam desnutrição severa enfrentam alto risco de morte.

De acordo com um levantamento recente feito pela FAO, Usaid e outros parceiros, 855 mil pessoas em toda a Somália estarão numa situação de crise e emergência até dezembro, o que representa 17% a mais do que os cálculos feitos em fevereiro.

Fome

Os deslocados internos representam 68% da população numa situação de emergência, seguidos pelos somalis que vivem em áreas rurais e urbanas. E mais de 2,3 milhões de somalis estão classificados dentro da fase 2 de insegurança alimentar, sendo que a fase 5 já é a fase de fome.

As populações nas fases 3 e 4, ou seja, crise e emergência, necessitam com urgência de assistência humanitária, em especial nutrição e apoio de saúde.

E segundo o Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, a Somália tem uma habilidade muito limitada de absorver impactos de conflito ou de desastres naturais.

O Ocha lembra que em 2011, a Somália enfrentou uma situação de fome severa e que nos últimos anos, a situação melhorou um pouco, mas 3 milhões de pessoas ainda dependem de ajuda no país.