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Cerca de 400 crianças morreram desde março no conflito do Iémen, diz Unicef

Família deslocada devido ao conflito no Iémen. Foto: Ocha

Cerca de 400 crianças morreram desde março no conflito do Iémen, diz Unicef

Relatório da agência revela que número de menores envolvidos no conflito mais do que duplicou; estima-se que de 1,8 milhão de crianças deve sofrer de desnutrição até o fim do ano.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Cerca de 400 crianças morreram e mais de 600 ficaram feridas nos últimos quatro meses com o agravamento da violência no Iémen. A cada dia, oito menores perdem a vida ou são mutilados nos confrontos.

O fato consta de um relatório publicado pelo Fundo da ONU para a Infância, Unicef. A agência defende que o grupo, que compõe 80% da população iemenita, precisa de ajuda humanitária urgente.

Conflito

O documento Iémen: infância sob ameaça,  revela que o país tem 10 milhões de menores de 18 anos. Os efeitos do conflito incluem a interrupção nos serviços de saúde, o aumento da desnutrição infantil e o encerramento de escolas.

Um dos destaques do relatório são as 377 crianças recrutadas ou utilizadas no conflito. O número representa mais do dobro dos 156 registados do ano passado.

Os menores de idade do país, considerado o mais pobre do mundo árabe, são a maioria dos 1,3 milhão de deslocados.

Tragédia

O representante do Unicef no Iémen, disse que o conflito é "essencialmente uma tragédia para as crianças" iemenitas. Julien Harneis explicou que estas são assassinadas por bombas ou balas. As sobreviventes "têm de lidar com a crescente ameaça das doenças e da desnutrição".

O relatório sublinha que o conflito com resultados arrasadores para a vida dos menores também deverá ter consequências terríveis para o seu futuro.

Cerca de 1,8 milhão de menores são propensos a sofrer de alguma forma de desnutrição no fim deste ano.

Cuidados

Desde 26 de março, 15,2 milhões de pessoas perderam o acesso aos cuidados básicos de saúde e 900 estabelecimentos sanitários foram encerrados.

A situação de emergência com um dos "maiores défices de financiamento" e recebeu somente 16% dos US$ 182,6 milhões pedidos pela agência. Harneis apelou urgentemente por fundos para chegar às crianças em necessidade desesperada.

O Unicef reiterou o pedido a todas as partes no conflito para que respeitem as suas obrigações sob o direito internacional humanitário e deixem de usar civis, escolas, água e saúde como alvos da guerra.

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