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Após eleições, Burundi é tema de reunião do Conselho de Segurança

Zeid Al Hussein fala aos membros do Conselho de Segurança, nesta quinta-feira. Foto: ONU/Loey Felipe

Após eleições, Burundi é tema de reunião do Conselho de Segurança

Alto comissário de Direitos Humanos falou sobre violência motivada por questões políticas, com 145 mil pessoas a deixar o país e aumento dos assassinatos; presidenciais estão marcadas para dia 15.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O Conselho de Segurança realizou esta quinta-feira um debate sobre o Burundi, o primeiro desde as eleições parlamentares realizadas a 29 de junho.

A nação também prepara-se para o pleito presidencial no próximo dia 15 e vive uma onda de violência desde que o presidente Pierre Nkurunzica decidiu concorrer a um terceiro turno.

Fuga

O Conselho ouviu o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, que destacou o aumento do fluxo de refugiados: mais de 145 mil civis deixaram o Burundi e buscaram abrigo em nações vizinhas.

Zeid Al Hussein avalia que o risco para a estabilidade regional é alto, porque a decisão do presidente tentar o terceiro mandato prejudica “uma década de progressos” no Burundi.

Mortes e Detenções

O alto comissário lembrou que nos últimos meses, opositores, civis, ativistas e a mídia pediram para o presidente respeitar a Constituição e sair do cargo, após 10 anos no poder.

A força foi usada para combater manifestantes e segundo Zeid, há casos de assassinatos, de tortura e de detenção arbitrária. Na sua avaliação, o povo merece mais do que um “ciclo de impunidade, sofrimento e destruição”.

Violência

O Conselho de Segurança também ouviu o secretário-geral assistente para Assuntos Políticos. Taye-Brook Zerihoun disse que a Missão de Observação Eleitoral da ONU no Burundi confirmou que houve violência e explosões durante a votação parlamentar da semana passada.

Os incidentes ocorreram principalmente na capital Bujumbura e a Missão concluiu que o “ambiente não era o ideal para eleições livres, credíveis e inclusivas”.

O representante destacou que a União Africana e a Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos também expressaram preocupações similares.

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