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Aiea tem novo projecto nuclear para detetar doenças como o ébola

Foto: Aiea/M. Warnau

Aiea tem novo projecto nuclear para detetar doenças como o ébola

Ao custo de € 2,7 milhões, proposta foca em enfermidades animais que podem ser transmitidas aos humanos; especialistas de países africanos firmam, com agências da ONU, compromisso de reforçar capacidade de diagnóstico.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Um novo projecto da Agência Internacional de Energia Atómica, Aiea, vai permitir a especialistas em África detetar de uma melhor maneira doenças animais que podem ser transmitidas a humanos.

Ao custo de € 2,7 milhões, a iniciativa foca em especial no ébola e foi lançada numa reunião da Aiea no Uganda, que reuniu especialistas de 13 países africanos.

Tecnologia Nuclear

O projeto da Aiea utiliza técnicas nucleares para detetar vírus de forma rápida. A aplicação das tecnologias já é utilizada em vários países, na luta contra a gripe aviária e a peste bovina, por exemplo.

A agência já forneceu equipamentos para a Serra Leoa e o próximo passo é garantir que os esforços de deteção precoce sejam sustentados para melhorar o controlo do ébola em toda a região. O dinheiro para o projeto vem dos Estados Unidos, do Japão e do Acordo Africano de Cooperação Regional para Pesquisa.

Preparação

A proposta visa melhorar a capacidade regional para deteção precoce das zoonoses. O líder do projecto da Aiea, Michel Warnau, declarou que um dos problemas com o surto de ébola na África Ocidental foi a falta de preparação.

Segundo Warnau, a iniciativa pretende reforçar as habilidades de diagnosticar doenças animais e assim antecipar riscos de um possível surto em humanos e adotar medidas de controlo e prevenção.

Treinamento

O projeto da Aiea apoia estratégias da Organização Mundial da Saúde, OMS, e da Organização para Agricultura e Alimentação, FAO. De início, o projeto vai durar dois anos, quando serão treinadas equipas responsáveis por diagnósticos.

Os participantes vão aprender a monitorar de uma melhor maneira animais selvagens e pecuária, para detetar doenças que podem vir a ter impacto nos humanos.

Segundo a Aiea, a prioridade será para doenças hemorrágicas como ébola, vírus de Marburgo e a febre hemorrágica Crimeia-Congo. A agência lembra que o surto de ébola gerou impacto não só de saúde, mas também económico e social na África Ocidental.

Desde que a OMS registou os primeiros casos, há cerca de um ano, quase 10 mil pessoas morreram pelo ébola, em especial na Guiné Conacri, na Libéria e em Serra Leoa.