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Enviado da ONU para Síria afirma que país voltou “40 anos no tempo” BR

Staffan de Mistura. Foto: ONU/Jean-Marc Ferré

Enviado da ONU para Síria afirma que país voltou “40 anos no tempo”

Em Genebra, Staffan de Mistura chama atenção para quatro anos de destruição e sugere congelamento dos confrontos; 12 milhões de sírios dependem de ajuda; país deve ter um dos piores desempenhos econômicos do mundo árabe.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York. 

A Síria está em conflito há quase quatro anos e para o enviado especial da ONU ao país, a comunidade internacional deve aproveitar 2015 para evitar que o confronto se prolongue. Em Genebra, Staffan de Mistura conversou com jornalistas esta quinta-feira e voltou a ressaltar a urgência de “ações concretas.”

De Mistura pediu atenção com os 12 milhões de sírios que dependem de ajuda, incluindo 7,6 milhões de deslocados internos e 3,3 milhões de refugiados. A guerra civil no país matou pelo menos 220 mil pessoas, enquanto doenças como pólio, febre tifóide e sarampo retornaram ao país.

Economia

Staffan de Mistura declarou que a “Síria voltou 40 anos no tempo” e  lamentou também destruição ou danos a 4 mil escolas e a 290 locais considerados patrimônios culturais.

Segundo o enviado da ONU, havia a expectativa de que em 2015, a Síria se tornasse um dos cincos países com a melhor performance econômica do mundo árabe. Mas agora, o país deve ser o penúltimo, ficando na frente apenas da Somália.

Proposta

Ele destacou que a crise humanitária síria é a maior desde a Segunda Guerra Mundial, o que nas palavras dele, é uma “desgraça”. Uma das propostas do enviado é o congelamento dos confrontos pesados em Alepo, incluindo de atividades militares, e afirmou estar discutindo a medida com o governo e a oposição.

Staffan de Mistura também disse que está encontrando uma “conexão entre origens e consequências do conflito sírio com a presença do movimento Estado Islâmico em várias partes da Síria e do Iraque”.

Ameaças 

Segundo o enviado da ONU, o Estado Islâmico ocupou um terço da Síria e a “organização al-Nusra, classificada de terrorista pelo Conselho de Segurança, está ativa no sul e norte do país”.

Para de Mistura, são novos fatores que ameaçam a sensação de qualquer um de ganhar a guerra, incluindo o presidente Bashar Al Assad. O enviado acredita que o líder sírio saiba disso e destacou que os únicos que estão perdendo totalmente esta guerra são os civis.

De Mistura confirmou que já teve dois encontros com o presidente Assad e pôde ver a preocupação dele com as ameaças causadas especialmente pelo Estado Islâmico. Segundo o enviado, o grupo está cada vez mais próximo de Alepo e poderia tirar vantagem do conflito entre governo síria e oposição, causando uma “catástrofe”.