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África: 15% de países têm serviços de saúde mental para vítimas da violência

Imagem: OMS, Pnud, Unodc

África: 15% de países têm serviços de saúde mental para vítimas da violência

São-tomenses estão entre os que não têm acesso ao tipo de assistência;  estudo também ilustra taxas de homicídio nos lusófonos  Brasil, Moçambique e Portugal .

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Um estudo das Nações Unidas, lançado esta quarta-feira, destaca que somente 15% dos países africanos oferecem serviços de saúde mental para abordar as necessidades das vítimas da violência.

O Relatório Mundial sobre a Prevenção da Violência 2014 destaca que os cuidados e o apoio aos afetados são importantes para reduzir o trauma psicológico, ajudar na cura e evitar um maior envolvimento no tipo de atos.

Lusófonos

Em todo o mundo, cerca de 475 mil pessoas foram assassinadas em 2012. O homicídio é a terceira principal causa de morte de homens de idades entre 15 e 44 anos no mundo.

Das quatro nações lusófonas incluídas na pesquisa, São Tomé e Príncipe é  que não possui assistência formal para as vítimas da violência.  Em 2012, o país teve uma taxa de homicídio de 5,3 pessoas em cada 100 mil habitantes. Uma em cada 10 mortes deveu-se ao uso de armas de fogo.

Moçambique conta com o tipo de serviços de apoio e teve 3,7 homicídios em cada 100 mil habitantes. A maior taxa dos países de língua portuguesa é do Brasil com 24,3 pessoas em cada 100 mil habitantes e por último Portugal, com 1,4.

Problemas

A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, disse que as consequências da violência sobre as famílias e comunidades são profundas e podem resultar em problemas de saúde ao longo da vida dos afetados.

O documento também destaca a quantidade de álcool consumida nos países. Entre as nações de língua portuguesa, Portugal lidera com 12,9 litros por pessoa. A seguir está o Brasil com 8,3 litros, São Tome e Príncipe com 7,1 litros e Moçambique com 3,7 litros por pessoa.

Lacunas

O diretor executivo do Escritório da ONU sobre Drogas e Crime, Unodc, Yury Fedotov, disse que com o relatório coloca-se à disposição uma ferramenta útil para identificar as lacunas na lei e na sua aplicação.

A expectativa é que as informações possam ajudar os países a definir medidas adicionais para garantir que a criminalidade violenta baixe.

Trata-se do primeiro relatório a avaliar os esforços nacionais para combater a violência interpessoal como maus-tratos infantis,  violência juvenil, do parceiro íntimo além da  violência sexual.

Prevenção

A recomendação é que os programas de prevenção da violência sejam mais intensos em todos os países, e que as leis sejam mais fortes e aplicadas para prevenir a violência;

O estudo aconselha o reforço das instituições de justiça e de segurança e a criação de serviços avançados para as vítimas de violência. O documento defende ainda o uso dos dados de uma forma mais eficaz pelos programas de prevenção da violência e iniciativas para medir os progressos.