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Acnur alerta para agravamento da situação de nigerianos fugidos do conflito

Mulheres nigerianas constroem casa nos Camarões. Foto: Acnur/JM.Awono

Acnur alerta para agravamento da situação de nigerianos fugidos do conflito

Pelo menos 850 mil pessoas fugiram no nordeste do país; agências de notícias anunciam morte de pelo menos 64 pessoas em explosões numa mesquita do estado nigeriano de Kano, esta sexta-feira.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, alertou esta sexta-feira para o agravamento da situação de nigerianos que fogem do conflito entre o governo e as milícias Boko Haram.

As declarações foram feitas, em Genebra, no dia em que agências de notícias anunciaram explosões numa mesquita do estado nigeriano de Kano. Pelo menos 64 pessoas morreram e outras 126 ficaram feridas.

Milícias 

Os ataques, ocorridos durante as orações de sexta-feira, ainda não foram reivindicados.  De acordo com as informações das agências de notícias,  as suspeitas das autoridades recaem sobre as milícias Boko Haram.

Estima-se que 850 mil pessoas já foram deslocadas para o nordeste. Destas, cerca de 142 mil  estariam refugiadas nos países vizinhos.

O Acnur anunciou tentativas de ter acesso a regiões remotas usadas para a travessia para o vizinho Níger, onde se encontram várias mulheres, idosos e crianças. As ações são realizadas em coordenação com as autoridades locais.

Travessia a nado 

Ainda esta semana,  50 pessoas morreram e outras 3 mil foram obrigadas a fugir após um ataque ocorrido em Damassak, no estado de Borno. Os nigerianos seguiram para a região de Diffa, no Níger.

Enquanto a maioria aguarda por barcos para cruzar  o rio Komadougou Yobe, outros tentaram atravessar a nado em busca de segurança.  Relatos de moradores citam pessoas que morreram por afogamento ao tentar fazer a travessia.

 Refúgio

A outra parte dos deslocados teria sido alvo de balas de membros do Boko Haram, que têm perseguido as vítimas até às margens do rio. Durante os últimos dois meses, mais de 30 mil pessoas foram acolhidas na área nigerina.

O Acnur diz recear que a estrutura económica já frágil das populações anfitriãs possa entrar em colapso, apesar de os habitantes locais partilharem os recursos com os refugiados da Nigéria.

A violência levou à fuga de 39 mil nigerianos para os Camarões e 2,8 mil para o Chade.