União Africana quer maior encorajamento das negociações sobre a Líbia
Embaixador do bloco continental na ONU cita importância das negociações para aproximar forças rivais na Argélia; Unesco deplora pilhagem e tráfico ilícito de bens culturais após ataques na semana passada.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O embaixador da União Africana junto das Nações Unidas, Téte António, disse que o mundo deve encorajar as negociações que envolvem grupos rivais na Líbia.
No fim de semana, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, visitou a capital Trípoli, onde incentivou a continuação do diálogo entre as fações políticas e armadas rivais do país.
Esforços
Falando à Rádio ONU, em Nova Iorque, Téte António, disse que a nível africano prosseguem os esforços para abordar a questão.
“A União Africana tinha um framework (quadro) antes da crise líbia. Infelizmente, o mundo não nos ouviu e as consequências estão aí no país e também na região. Continuamos a trabalhar. Há um processo em Argel, em que a Argélia está a jogar o papel de trazer todas as forças líbias e da região para uma mesa de negociações tal como fez para o Mali. Creio que é preciso encorajar esses desenvolvimentos.”
Deslocados
As declarações do diplomata foram feitas à margem das sessões com a comunidade internacional integradas na Semana Africana na ONU, que encerra esta sexta-feira.
De acordo com as Nações Unidas, mais de 100 mil pessoas foram deslocadas devido aos confrontos de milícias que tentam controlar várias cidades líbias, incluindo Trípoli.
Destruição
Entretanto, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, condenou a invasão e a vandalização de locais históricos do país por homens armados.
A agência cita a Mesquita Karamanli que considera “uma das mais famosas e belas” construídas por Ahmed Paschia, em 1738. Há uma semana, foram removidas telhas cerâmicas, decorações de mármore e o piso interior do local situado na capital líbia.
Pilhagem
A Unesco indica que, três dias depois, homens armados danificaram e saquearam a histórica escola religiosa Madrassa Othman Pasha, que serve à comunidade sufi de Trípoli.
Depois do ato, houve uma tentativa de vandalizar a Mesquita Darghout, dedicada ao primeiro governador otomano de Trípoli. A Unesco disse que ação falhou graças a voluntários locais que protegiam o edifício e obrigaram os atacantes a retirar-se.
A Unesco declarou que a pilhagem e o tráfico ilícito de bens culturais só podem aprofundar as feridas da sociedade líbia, que luta pela normalidade e recuperação.