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Ébola ameaça a paz e segurança internacionais, diz resolução da ONU

Adoção da resolução no Conselho de Segurança. Foto: ONU/Evan Schneider

Ébola ameaça a paz e segurança internacionais, diz resolução da ONU

Conselho de Segurança alerta para potencial de agitação civil, tensões sociais e agravamento do clima político e de segurança; doença já registou 5,3 mil casos e 2,6 mortos.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU Em Nova Iorque. 

As Nações Unidas declararam que a escala sem precedentes do surto de ébola em África ameaça à paz e segurança internacionais.

O Conselho de Segurança aprovou por unanimidade uma resolução que realça a necessidade crucial e imediata de uma resposta internacional coordenada ao surto. Angola, Brasil, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste estão entre os países que patrocinaram o documento.

Mortes

A resolução adverte que o surto está a minar a estabilidade dos países mais afetados, destacando que a não ser contido o ébola pode levar a mais agitação civil, tensões sociais e deterioração do clima político e de segurança.

A ONU aponta que mais de 2,6 mil pessoas morreram e 5,3 mil foram infetadas pelo surto que fez mais vítimas na Libéria, na Serra Leoa e na Guiné Conacri.

Nova Missão

Na ocasião, o  secretário-geral anunciou a criação da Missão das Nações Unidas para Resposta de Emergência ao Ébola, Unmeer, que deve seguir para o terreno no próximo mês.

Ban Ki-moon disse ter decidido criar a missão de saúde de emergência da ONU, que deve combinar a  perspectiva estratégica da OMS com uma forte logística e capacidade operacional.

Saúde Pública

O coordenador da ONU para o Ébola disse acreditar que o surto duplica aproximadamente a cada três semanas. David Nabarro disse que o nível de resposta deve ser 20 vezes superior ao concedido atualmente.

A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, OMS, Margareth Chan afirmou que na epidemia “nada tem precedentes”. Mas declarou  que mesmo podendo levar tempo a doença pode ser contida, apontando a situação estável na Nigéria.

Medidas

A resolução insta aos três países mais afetados a acelerar a criação de mecanismos internos de diagnóstico rápido, isolamento dos casos suspeitos, medidas de tratamento e serviços médicos eficazes de  resposta.

As prioridades incluem a interrupção do surto, o tratamento da infecção, garantia serviços essenciais, preservação da estabilidade e prevenção de novos surtos. O grupo será liderado por um representante especial do Secretário-Geral.

Diagnóstico Rápido

A ideia é aproveitar as capacidades de parceiros internacionais, e atuar em coordenação com entidades como a União Africana (UA) e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, Cedeao.

Com a União Europeia, as entidades foram instadas a mobilizar e a oferecer imediatamente conhecimentos técnicos e capacidade médica adicional. As medidas incluem o diagnóstico rápido e formação de trabalhadores de saúde para os países afetados.

Cabo Verde

Os 15 Estados-membros manifestaram reconhecimento às medidas das nações regionais como Cabo Verde, Costa do Marfim, Gana, Mali e Senegal para facilitar a entrega de ajuda humanitária aos mais afetados

Aos que prestam assistência aos países afetados o pedido é que continuem a troca de experiências, lições aprendidas e melhores práticas para responder de forma eficaz e imediatamente para o surto de ébola.

De acordo com a ONU, as necessidades incluem recursos, suprimentos e assistência coordenada para os países afetados e parceiros de implementação.

Nigéria

Além dos três países mais afetados, a resolução menciona também a Nigéria ao referir que o surto pode exceder a capacidade dos governos na capacidade de resposta.

O Conselho manifesta preocupação com o impacto de questões como a segurança alimentar devido a restrições de viagens e de comércio na região.

Nesse sentido realça o apelo da UA aos seus Estados-Membros para o levantamento das restrições de viagens para permitir uma livre circulação para os países afetados.

Ban lembrou que apenas em duas vezes anteriores o órgão se reuniu para discutir as implicações de segurança de uma questão de saúde pública. Em ambas as ocasiões foi debatida a epidemia de sida.